Desde o início do ano passado, os sindicatos de petroleiros e a FUP registraram a ocorrência de 94 acidentes relevantes nas unidades da Petrobras, dos quais 17 foram fatais, causando 23 vítimas. Destas mortes, 17 foram com petroleiros de empresas prestadoras de serviço. A Bacia de Campos é recordista em acidentes: 50 deles ocorreram nas plataformas e terminais da região, dos quais 08 foram fatais (das 13 vítimas, 11 eram trabalhadores de empresas terceirizadas). Isto demonstra a alta incidência de mortes entre trabalhadores contratados (mais de 80% dos casos), o que comprova que a direção da Petrobras pouco ou nada vem fazendo para garantir treinamento adeqüado a estes trabalhadores.
Segundo a FUP e o sindicato dos petroleiros, nem mesmo os trabalhadores que pertecem ao quadro próprio da Petrobras vêm sendo treinados pela empresa, já que, devido ao acúmulo de função causado pela redução drástica de efetivo, estes petroleiros não têm mais tempo para serem treinados.
Desde 1998, 82 petroleiros perderam a vida nas unidades da Petrobras. A maioria destes trabalhadores eram prestadores de serviço (66 deles). Ou seja, a cada mês pelo menos dois trabalhadores morrem na Petrobras.
Quando não tiram a vida de trabalhadores, os acidentes provocados pela Petrobras causam tragédias ambientais. Destes 94 acidentes relevantes ocorridos nos últimos 15 meses na estatal, 22 foram provocados por vazamentos de combustíveis e resíduos. Estão incluídos aí os vazamentos ocorridas na Bahia de Guanabara (18/01/2000), em Araucária, no Paraná (16/06/200) e mais recentemente na Serra do Mar, no Paraná (16/02/2001) e no Terminal de Alemoa, em Santos (03/03/2001).
Nos últimos três anos, 82 trabalhadores morreram nas áreas da empresa, o que dá uma média de duas perdas humanas por mês. De um total de cerca de 62 mil trabalhadores no início dos anos 90, a empresa trabalha hoje com o efetivo próprio de cerca de 34 mil empregados, apesar do crescimento da produção e das suas atividades.
Em conseqüência da diminuição do efetivo, através de incentivos às aposentadorias e saídas voluntárias, foi implementada uma política de terceirização, com ausência de qualificação profissional. Dos 82 óbitos nos últimos três anos, 66 são de trabalhadores terceirizados.
Petroleiros mortos em acidentes em 2001 (com exceção da explosão na P-36)
FRANCISCO DE ASSIS JESUS DE ALMEIDA – encanador da Ultratec Engenharia, morreu em acidente na Bacia de Campos, no dia 24/01, após um vazamento de gás na plataforma P-37.
FLORIANO CASTORINO DE SOUZA FILHO – encanador da Ultratec Engenharia, morreu no mesmo acidente na Bacia de Campos, no dia 24/01, na plataforma P-37.
GEREMIAS CANUTO, 48, ajudande de caldeiraria da Escon Construções e Montagens, morreu no dia 12/02, após permanecer 09 dias internado. Foi vítima do incêndio ocorrido em 03/02 na Plataforma Namorado-1, na Bacia de Campos.
SÉRGIO ENRIQUE DIAZ REVELLO, da empresa Pan Marine, desapareceu em 31 de janeiro, ao cair no mar, quando trabalhava à bordo do rebocador Oil Provider, próximo à P-17.
ANTÔNIO SÉRGIO SANTOS TELES, 40 anos, motorista da empresa J.G. Conservação e Mão de Obra Ltda., faleceu durante um acidente em 08/03, ocorrido quando fazia o transporte de uma sonda de produção terrestre, no E&P de Sergipe.
Petroleiros mortos em acidentes no ano de 2000
ALOYSIO FERREIRA COSTA – eletricista da empreiteira Unap (E&P – ES) – 15/02/2000.
ANTÔNIO PEREIRA DA MOTA – eletricista do DTSE (RJ) – 31/01/2000.
CIRO SILVEIRA SANTOS – operador da Estação Coledora de Jericó (SE) – 08/02/2000.
NEY BRITO – operador de processo na RLAM (BA) – 21/06/2000.
MANASSES RANGEL – estagiário da Petrobras (E&P BC/RJ), morreu em 02/08/2000 junto com 4 tripulantes que morreram no acidente com um helicoptero da empresa Líder.
IRANILDE FRANCISCO DA SILVA – servente da empreiteira J. Ramalho, desaparecido desde julho, Urucu/AM.
EURIVALDO DA SILVA OLIVEIRA – motorista da empresa Alternativa, Terminal de Pilões (SP) – 18/08/2000.
PAULO HENRIQUE NASCIMENTO DE OLIVEIRA – oficial de Náutica da Fronape/RN (meningite) 14/09/2000.
OTAVIANO REZENDE ARAGÃO – motorista da empresa ETT no E&P Riachuelo (SE) – 21/09/2000.
GILBERTO DE SOUZA SIMÃO – marinheiro de convés da empresa Astromarítima Navegação SA, na E&P BC/RJ – 25/09/2000.
LUIZ LOPES NETO – funcionário da Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP), sofreu um derrame no dia 13/11/2000, quando terminava a medição de um tanque que armazenava óleo da Petrobras no Terminal de Alemoa, em Santos (SP).
ERINALDO DE SANTANA – auxiliar de plataforma da Queiroz Galvão Perfurações que caiu no mar no dia 31/12, após um guindaste ter se partido durante uma operação de manutenção na plataforma SS-45, na Bacia de Campos. Seu corpo está desaparecido.
CELINO MEDEIROS DA COSTA – o guindasteiro passou mal e morreu à bordo da plataforma P-20, na E&P BC (RJ), enquanto aguardava a hora de seu desembarque, no dia 31/12.
Fonte: FUP e dos Sindicatos de Petroleiros.
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