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Descubra os encantos da neve a bordo de um trem vermelho

Marcelo Godoy/AE
Último vagão do Bernina
Express rende as melhores
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Parou de nevar. O termômetro marca dois graus negativos. Há um frio seco, sem a umidade que paralisa o corpo. O vento é pouco, tanto que não chega a congelar nenhuma parte do rosto descoberto. O trem que atravessará o Passo de Bernina encosta com seus seis vagões vermelhos. A estação é a de Saint Moritz Dorf, no cantão dos Grissões.

Construída ao lado do grande lago da cidade, ela é uma das maiores da região: seis plataformas de embarque, um restaurante, bilheteria e banca de jornais.

O primeiro e o último vagões são os da primeira classe. É fácil entender: eles oferecem a melhor vista a cada curva - serão muitas durante a viagem -, principalmente, o último vagão, com os trilhos em fuga em meio à paisagem.

Não adianta escolher o lado em que se vai sentar: ora a vastidão do vale estará à esquerda, ora à direita, alternando-se com a visão íngreme da escarpa rochosa a poucos metros da janela.

O interior da primeira classe, com suas poltronas largas, é dividido por uma parede de vidro que separa fumantes e não-fumantes. O mesmo vale para a segunda, repartida igualmente pela pontual Ferrovia Rética. O nome da companhia é uma lembrança de que um dia o cantão fez parte da Récia, província romana encravada nos Alpes. Seus funcionários falam alemão, romanche e italiano - alguns sabem inglês e francês.

Duas horas - A viagem de duas horas pelo Passo de Bernina até o Vale de Poschiavo começa devagar. O trem pára no vilarejo de Celerina e, depois, segue cortando a neve do Vale Engandin, a 1.800 metros de altitude, até a cidade de Pontresina, estação de esqui rival de Saint Moritz. As paradas são rápidas.

Pouco a pouco, o trem distancia-se da calma do vale, dos caminhos retilíneos, das casas das vilas e começa a insinuar-se pelas curvas da subida suave que o levará ao Passo de Bernina, um corredor plano a 2.323 metros rodeado por alguns dos mais altos picos alpinos. À medida que avança, a paisagem torna-se cada vez mais gélida. O vermelho do trem é o único contraste na imensidão branca do inverno.

Surge à direita, após uma das tantas curvas, Diavolezza, com esquiadores riscando a montanha como aviões num céu azul. E o comboio alcança a minúscula estação Ospizio Bernina. Perto dali, vê-se o Pico Bernina (4.049 metros) e os Lagos Branco e Negro. Divisores de bacias hidrográficas, os cursos d'água que partem do primeiro rumam ao Mar Adriático e os do segundo, ao distante Mar Negro.

Descida - A viagem prossegue até Alps Grün. Começa, então, a grande descida até o Vale de Poschiavo. O caminho em ziguezague estreita-se cada vez mais. Abre-se o desfiladeiro com cascatas congeladas e copas de pinheiros pendurados. Pequenos túneis, que protegem a linha férrea das avalanches, sucedem-se. A composição margeia a montanha; penhasco e parede alternam-se em cada janela.

Poschiavo está a cerca de 800 metros de altitude. Pedras e escarpas são substituídas pelos sobrados italianos e pela planície cultivada. Faz menos frio, a neve da montanha não atinge o vale. Fala-se mais italiano. A cinco minutos, Le Prese. O passeio pode durar dois dias, seguindo-se até Tirano, na Itália, apanhando um ônibus para Lugano e retornando de trem a Saint Moritz.

Davos Platz - No caso de a viagem acabar em Le Prese, o outro dia pode ser gasto em uma visita a Davos, no caminho da Áustria. Nas páginas iniciais de A Montanha Mágica, o alemão Thomas Mann descreveu a paisagem que o personagem Hans Castorp via a caminho do sanatório Berghof:

"...túneis tenebrosos iam desfilando, e quando reaparecia a luz, rasgavam-se dilatados abismos com povoados no seu fundo...".

Um desses povoados é Filisur, a 1.080 metros, onde troca-se de trem para chegar a Davos, 500 metros acima. Em Filisur, as árvores são frondosas, a estação é pequena e a parada, rápida. Trinta minutos depois, chega-se a Davos Platz e sua Avenida Promenade, perto de Davos Dorf, onde Castorp desembarcou.

As pessoas passeiam com esquis nos ombros e botas pesadas. Em Davos, pode-se subir a uma altitude de mais de 2 mil metros e descer esquiando quase mil deles até a cidade. Nesvascas fortes são raras, mas, se ocorrer, é só apanhar o trem. Saint Moritz não está longe.

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O Estado de S. Paulo

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