Rio - Nem a conquista do tão sonhado tricampeonato estadual foi capaz de abafar os problemas financeiros do Flamengo. Dez dias após o histórico título, os jogadores se negaram a treinar na quarta-feira pela manhã, na Gávea, e só desistiram de manter a greve depois de reunião com a diretoria, à tarde, quando cobraram os salários atrasados – três meses na carteira.
Um dos líderes do elenco, o meia Beto, revela que na reunião dentro do vestiário, que durou cerca de uma hora, o elenco recebeu a promessa de pagamento dos salários atrasados em uma semana e deixa às claras que colocou os dirigentes na parede. "Eles têm que resolver. Não pode mais ficar dessa maneira. É difícil trabalhar com esse ambiente. Assim como é complicado conviver com as promessas. Eles têm que ver o nosso lado. Tem jogador que tem reserva. E os outros? A diretoria deu um prazo de uma semana para pagar", diz.
Beto, apesar de cansado das promessas, garante, caso a diretoria não pague os salários, que o movimento não se repetirá. "Só com competições e vitórias podemos resolver o problema. Sem greve, vamos dar continuidade", acredita o apoiador.
Visivelmente insatisfeito, o técnico Zagallo, porém, lava as mãos sobre a atitude dos jogadores. "Fiquei na reunião escutando, mas não vou falar nada. Se eles quiserem externar uma questão interna, o problema é deles", comenta Zagallo, que participou da reunião ao lado do supervisor José Chimello e do superintendente de futebol, Walter Srour Oaquim.