Rio - Parece até roteiro de mais um dos inúmeros filmes do chamado cinema catástrofre de Hollywood, como
"Aracnofobia", "Enxame" e similares. Mas não é. Insetos estão atacando o Mineirinho, maior ginásio poli-esportivo da América Latina, com
capacidade para cerca de 30 mil espectadores.
Localizado ao lado do Estádio Mineirão,
na região da Pampulha, em Belo Horizonte, o Mineirinho se tornou alvo do cupim do caixão, o mesmo que ameaça o Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Os esfomeados bichos não poupam nada que é de madeira e detonam portas, janelas, divisórias e móveis. Eles penetram no ginásio das formas mais diferentes, passando por frestas e canos inutilizados.
De acordo com funcionários do ginásio, o problema é antigo e nunca foi combatido. A Ademg (Administração dos Estádios do Estado de Minas Gerais), autarquia do Governo de Minas Gerais responsável pelo gerenciamento do Mineirão e do Mineirinho, alega que, no momento, não dispõe de recursos para combater a praga, pois o produto químico é caro.
”Precisamos de R$27 mil para um combate
inicial”, afirma o presidente da Ademg, Flávio Aniello Modenesi, garantindo já ter em mãos um levantamento de custo para combater o cupim.
De acordo com a estratégia de combate, é
necessário cavar uma vala em torno do ginásio (com 1,20 metro de profundidade e 40 centímetros de largura) para a formação de uma barreira
que receberia o produto químico para exterminar os insetos.
”Dessa forma, os insetos que estiverem
dentro do ginásio não sairão e os que estiverem fora, não entrarão”, explica Flávio Modenesi.
O presidente da Ademg informa que o objetivo é cortar o contato dos bichos com a rainha-mãe, responsável pela procriação da espécie.
”Eles dependem de fecundar a rainha-mãe
para continuar existindo. Cortando esse contato ou encontrando a rainha-mãe, o problema estará resolvido”,- assegura Flávio Modenesi.
O orçamento de R$27 mil, no entanto, é
apenas inicial. Segundo o engenheiro responsável pelo Mineirão e Mineirinho, Ricardo Raso, o combate tem de ser feito durante cinco anos
para o extermínio total, inclusive porque pode haver mais de uma rainha-mãe.
Enquanto o projeto de extermínio não é colocado em prática por falta de recursos, alguns funcionários do Mineirinho seguem combatendo os insetos de maneira improvisada e primitiva.
Márcio Divino Lobato, da administração do Mineirinho, e Antônio Rosa Filho, da manutenção, se inspiram nos heróis do cinema catástrofe de Hollywood para combater os inimigos do ginásio.
Eles seguem os rastros do insetos, que formam longos e tortuosos caminhos desde os ninhos, e tentam exterminá-los de todas as formas possíveis:
”Os bichos destruíram a divisória da minha sala. Tive de mudar para outra com parede de cimento”, lamenta Márcio Lobato.
Outra solução paliativa tem sido a substituição das portas, janelas, divisórias e móveis de madeira por outros de ferro:
”O problema é que esses equipamentos são
caros e raramente há dinheiro disponível para efetuar a troca”, explica Márcio Lobato.