Sydney - Uma medalha de bronze tem grande valor sentimental, mas não vai servir de nada para diminuir a situação de inferioridade das mulheres no futebol do Brasil. É com este pensamento que várias jogadoras da seleção feminina entram em campo amanhã, às 3 horas (horário de Brasília), para enfrentar a Alemanha na disputa do terceiro lugar na Olimpíada de Sydney.
"Para nós é um jogo muito importante, mas não acho que a medalha de bronze vai mudar minha vida", filosofa a meia Raquel. "No ano passado, disseram que se a gente voltasse do Mundial com uma medalha as coisas melhorariam; voltamos com a prata e nada aconteceu." Segundo ela, quando deixarem a seleção, várias atletas estarão sem clube para jogar.
"Vivemos em um país preconceituoso", afirma a meia Sissi. "Até aqui, na Vila Olímpica, tem atleta brasileiro de outros esportes olhando para a gente de nariz empinado", prossegue a jogadora, que luta para recuperar-se de uma contusão na coxa e participar da partida. "Eu estaria mentindo se dissesse que acredito que as coisas vão mudar com uma medalha."
Êxodo - Para Sissi, se a situação permanecer como está, a única solução para as atletas brasileiras que quiserem seguir carreira no futebol é jogar nas ligas do exterior, especialmente nos Estados Unidos. "Só assim elas não vão precisar passar pelo que eu passei no ano passado, quando o Palmeiras desmanchou o time", afirma. "Fiquei sem emprego e tive de jogar futebol de salão para me manter."
Segundo a atacante Roseli, a maior dificuldade das jogadoras brasileiras é o fato de não existirem campeonatos durante todo o ano. Para a substituta de Kátia Cilene, que está contundida, é por isso que a maioria dos clubes não tem um time permanente.
Desilusões à parte, a equipe espera devolver amanhã a derrota que sofreu para a Alemanha na fase de classificação. "Acho que elas vão mudar o estilo de jogo em relação à primeira partida e vão para cima da gente", acredita o técnico Zé Duarte. "Na disputa anterior, elas entraram no jogo só defendendo."
Para o treinador, o maior desafio da equipe é superar a saudade de casa.
"Estamos fora há quase dois meses e não vemos a hora de voltar para o Brasil." As jogadoras acreditam que, se repetirem o desempenho da partida contra os Estados Unidos, sairão de campo com a vitória. Para as atletas, apesar da derrota por 1 a 0, a semifinal da Olimpíada foi o jogo em que a seleção fez sua melhor apresentação.
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