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O consumo de carne deveria ser proibido? Veganos respondem

A princípio, a proibição até parece uma boa solução para acabar com a morte de bilhões de animais.

20 abr 2023 - 05h00
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Foto: CanvaPro

Entenda exploração animal não apenas por meio do sofrimento, da morte, do sangue, exploração não precisa necessariamente ter dor e sofrimento. A exploração está no âmbito do domínio, da privação de liberdade e da utilização dos animais em qualquer circunstância.

Ou seja, se um animal é criado para ser abatido, independente da sua criação, se ela foi a base de sofrimento ou a base do mais alto bem-estar possível, a exploração está na utilização do animal e na finalidade.

Olhar para o número de animais que são explorados e mortos diariamente, é uma forma de compreender o porquê tantas pessoas no mundo todo estão levantando placas e lutando pelo fim da exploração animal. O que fazemos com os animais é uma aberração, os tratamos da forma mais deplorável possível.

A maioria das pessoas questionadas em relação ao consumo de animais, apresenta um discurso positivo em relação aos direitos animais. As pessoas consomem animais por uma questão meramente cultural.

Entre os debates relacionados ao fim da exploração animal, um que sempre vem à tona é a proibição do consumo de carne, a proibição do consumo de leite, ovo, entre outros produtos de origem animal. Poderíamos criar leis que proibissem o consumo desses produtos, parece algo intuitivo: proibiu, acabou a exploração.

Mas, ao nosso ver, a proibição não é o caminho mais inteligente. Estamos falando da proibição de consumo de alimentos, que envolve questões sociais, afetivas e emocionais, econômicas e culturais. Não é simples, a proibição por si só não resolve a questão em si. Somos criados numa sociedade proibicionista, que acredita que a proibição é a melhor solução para os problemas, mas com toda certeza essa não é a saída.

E não estamos defendendo que a proibição não é a melhor solução, porque consideramos que comer carne e derivados animais seja algo pessoal e de escolha individual, não mesmo! Todos esses produtos envolvem animais sencientes, não é uma mera questão de escolha, cada um faz o que quer, os animais merecem viver e serem respeitados, e não tratados como mercadoria.

Só que precisamos pautar por meio da consciência e da disseminação de informações, para conseguirmos construir uma cultura que considere a importância dos animais e seus direitos. Debater questões como ética e moral, desigualdade, simbolismo do consumo de carne. Seja por meios ativistas de pessoas independentes, por ONG 's, em escolas públicas e privadas, na televisão, entre outros meios. Precisamos debater a exploração animal, e não proibir o consumo de animais.

A proibição é um grande problema, pois isso poderia piorar ainda mais a questão animal e a realidade social. Pois quando se proíbe algo, não estamos acabando efetivamente com aquele problema, estamos apenas marginalizando e tornando-o fora da lei, abrimos espaço para o tráfico, contrabando, comércio ilegal. E em um país extremamente racista, sabemos quem viveria preso por consumir e produzir carne, leite, ovos e derivados.

Um exemplo de proibição que todo mundo viu que não deu certo, é a maconha. Qualquer pessoa que queira usar vai usar, a proibição é responsável pela guerra às drogas que causa um transtorno gigantesco para milhões de famílias brasileiras, um gasto absurdo do Estado em segurança. E a ideia que é fazer com que as pessoas deixem de usar não é efetiva.

Embora a maconha não seja um bom exemplo em termo de comparação, ela sim é de escolha individual e não envolve terceiros (animais), como no caso da carne e derivados animais.

Outro exemplo foi a implementação da Lei Seca nos Estados Unidos, que proibiu a fabricação, comércio, transporte, exportação e importação de bebidas alcoólicas. Essa lei vigorou por 13 anos (1920-1933). E o que foi visto não foi uma redução ou uma consciência popular sobre os perigos do consumo de álcool, mas sim uma explosão do mercado ilegal com produtos de baixa qualidade e muito mais fortes. Devido à falta de controle, informação, e trabalho de base, a proibição levou ao aumento nos índices de embriaguez e criminalidade.

O ponto central desse debate é que a proibição não é a solução para o fim da exploração animal, não é por aí que devemos caminhar.

Por outro lado, devemos considerar que leis defendam e protejam todos os animais da mesma forma. Precisamos, também, questionar o subsídio à pecuária, o barateamento de produtos de origem animal, e a falta de subsídio para alimentos vegetais, grãos e cereais, além do baixo investimento na agricultura familiar, que alimenta o povo brasileiro.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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