Diário

O barco é só cenário do open boat

Sábado, 6 de janeiro de 2001

Paulo Gleich - Repórter Terra

Sábado é dia de descanso, menos para o incansável Repórter Terra, que foi conferir o dia de open boat do Arctic Sunrise. Em todos os lugares que o Greenpeace passa com a Expedição das Américas, o fim-de-semana é destinado apenas à visitação do navio, que atrai pessoas simpáticas à causa da ONG ou apenas curiosos.

Na verdade, a visita ao Arctic Sunrise serve muito mais para pregar o comportamento ecologicamente correto do que para mostrar o navio, como o nome open boat sugere. Durante o percurso, ouve-se sobre campanhas, reciclagem, produtos danosos ao meio ambiente, etc. Sobre o Arctic Sunrise? Quase nada.

Sempre imaginei que esse dia servisse para que as pessoas ficassem zanzando pelos corredores do navio e conhecendo a vida a bordo, como eu fiz na quinta-feira (leia no diário). Mas obviamente, não é para isso que o Greenpeace viaja pelo mundom afinal é uma ONG e não a Disneylândia. A visita ao navio nada mais é que uma forma interessante e criativa de expôr à sociedade as idéias defendidas pelo grupo.

Mas não é só para a pregação do ecologicamente correto que existem os dias de open boat. Depois de percorrer o navio, os visitantes são conduzidos a um estande, onde podem participar de um abaixo-assinado contra POPs e associar-se à ONG. Para o Greenpeace, um ótimo negócio: além de difundir sua causa na sociedade, conquista novos sócios.

Quando conversei com a coordenadora do open boat, Renata Peres, ela contou que pelo menos uma pessoa por grupo de visitantes que percorria o navio estava se filiando ao Greenpeace. Os sócios podem contribuir mensalmente ou anualmente, sendo que o valor mínimo é de R$ 10 e R$ 100, respectivamente. As contribuições dos sócios são a única fonte de renda da ONG, que não aceita doações de empresas nem governos.

Fiquei também espantado com o número de voluntários presentes na ação - todos gaúchos. Fiquei sabendo que o escritório local, em Porto Alegre, conta com o maior número de voluntários do Brasil. E lá estavam eles explicando, orientando, coletando assinaturas - todos dispostos e animados, mesmo sem receber por isso e tendo que enfrentar o calor.

Me lembrei, no momento, de algo que Renata havia dito dias atrás: "Quem é voluntário de verdade não precisa receber ordens. Faz as coisas porque quer, gosta do que está fazendo e quer fazer sempre cada vez mais". Acho que pude entendê-la melhor quando vi todas aquelas pessoas organizando e participando do evento de forma tão engajada.

Como prometi ontem, revelaria se vou ou não acompanhar os ativistas do Arctic Sunrise na viagem até Santos, próxima parada da expedição. E adivinhem?! Sim, eu vou! Voltamos a nos encontrar, então, na segunda-feira, quando zarparemos rumo a mais um ponto da Expedição das Américas (confira no mapa). Dessa vez, vou acompanhar de perto a rotina no barco, como é viver em alto-mar e todas as curiosidades do dia-a-dia da expedição. Até lá!

Veja também:
Dia de open boat em Porto Alegre