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Os Deni querem conhecer
a Internet
De alguma forma é estranho entrevistar
os Deni sabendo que eles não têm
a menor idéia de que suas palavras podem
ser divulgadas para o mundo todo. Tento explicar
um pouco do meu trabalho, mas antes disso eu pergunto:
"vocês sabem o que é Internet?".
A resposta é não. Para simplificar
o máximo possível, digo que é
como uma televisão que pode ser vista e
lida no mundo todo, só que via computador.
Eles sabem o que é computador e televisão.
Sem desgrudar da minha filmadora, um deles logo
responde: "eu quero conhecer Internet. Gosto
de televisão. Quero trabalhar com isso".
As aldeias Deni são equipadas com um rádio
comunicador, mas não possuem televisão.
Entretanto, os índios se mostram empolgados
em aprender sobre tudo que parece novidade a eles.
"Os Deni estão interessados em aprender
sobre o mundo exterior. Alguns querem aprender
a ler e a escrever. E se queixam sobre a falta
de professores", diz a cientista social Renata
Feno Alves. Na avaliação de Renata,
os índios podem ser beneficiados dessa
relação cultural com os brancos
se aprenderem a se organizar e a lutar por seus
direitos.
Para a cientista social, a troca cultural com
os brancos não representaria mais um grande
risco aos Deni porque hábitos como xamanismo,
medicina tradicional e linguagem estão
preservados. Mesmo os Deni que já falam
português, não deixam de se comunicar
em sua língua original. Nunca falam português
entre eles, por exemplo.
"Com o tempo eles perderam um pouco de sua
cultura ancestral, eles não usam mais a
cerâmica para cozinhar, por exemplo. Eles
sabem que é mais fácil usar panelas
de alumínio. Isso não significa
que as mulheres esqueceram a arte da cerâmica.
No todo, a essência e o modo de vida dos
Deni foram preservados", analisa Renata.
Cristina Bodas, do Alto Juruá,
Com informações do Greenpeace
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