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Experiência bateu a velocidade no GP da Turquia

F1 viveu um fim de semana em que a capacidade de avaliar as mudanças da pista foi tão ou mais importante do que a velocidade pura

18 nov 2020 - 14h04
(atualizado em 21/11/2020 às 10h50)
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Sebastian  Vettel, de volta ao pódio: aos 33 anos, largada excepcional e condução madura.
Sebastian Vettel, de volta ao pódio: aos 33 anos, largada excepcional e condução madura.
Foto: Divulgação

Lewis Hamilton, 35 anos; Sérgio Perez, 30 anos; Sebastian Vettel, 33 anos. O pódio do Grande Prêmio da Turquia dá o que pensar. Em uma Fórmula 1 a que os pilotos chegam mais novos a cada temporada, essa corrida privilegiou os mais velhos.

Antes da largada, o favoritismo recaía sobre Max Verstappen, 23 anos. Sua vitória era mais do que possível nas condições em que se encontrava o circuito de Istambul Park. Também se esperava muito do autor da pole position, Lance Stroll, 22 anos.

Mas não foi o que aconteceu. Verstappen teve um bom início, soube esperar a troca dos pneus de chuva pelos intermediários para atacar os Racing Point de Lance Stroll e Sérgio Perez e a Ferrari de Vettel. Depois da troca, quando era o terceiro, ele pareceu sofrer uma regressão. 

Na ânsia de aproveitar um erro de Perez, Verstappen rodou ao subestimar uma curva que, no seco, se percorre a pleno acelerador. Mas no molhado só há uma trajetória possível, fora dela não há salvação. Após esse primeiro erro, Verstappen voltou à imaturidade dos primeiros anos de Fórmula 1.

Verstappen e Albon, da Red Bull: holandês correu guiado pelos nervos.
Verstappen e Albon, da Red Bull: holandês correu guiado pelos nervos.
Foto: Divulgação

Os carros da Red Bull, que tinham sido os mais rápidos com pneus de chuva pesada, enfrentavam dificuldades com os intermediários, que granulavam após as primeiras voltas. 

Mas não só eles. Hamilton e Perez tiveram o mesmo problema, a diferença foi a solução. Eles esperaram o desgaste remover quase toda borracha e transformar seus pneus em quase slicks, ganhando aderência à medida em que a pista melhorava.

Vettel foi por outro caminho. Fez duas paradas, mas sempre dirigindo com cuidado, mantendo os pneus em bom estado. Em comum com Hamilton e Perez, a capacidade de se adaptar aos limites da pista e do carro. 

Já Verstappen e Stroll deram a impressão de se deixarem levar pelos nervos. Aos 22 anos, o canadense também teve um ótimo começo, liderando a corrida até a segunda troca de pneus. Esse foi para ele o momento decisivo. 

Stroll e Perez: o mesmo carro, as mesmas condições, mas tocadas diferentes.
Stroll e Perez: o mesmo carro, as mesmas condições, mas tocadas diferentes.
Foto: Divulgação

Ao contrário de Hamilton e Perez, Stroll fez duas paradas por causa da granulação dos intermediários. Uma decisão que arruinou sua corrida.

Verstappen, na sua 116ª corrida na Fórmula 1, e Stroll, na 76ª, têm rodagem suficiente para saber que a pista mudaria e que a granulação desaparece quando a primeira camada de borracha se desgasta.

A pergunta que fica é se o erro foi deles ou das equipes. Na prova de classificação, Verstappen havia reclamado da decisão tardia da equipe de colocar os pneus intermediários. Isso lhe teria custado a chance de fazer a pole position porque não havia mais tempo para aquecê-los.

Hamilton e Perez: esperaram o desgaste remover quase toda borracha e transformar seus pneus em quase slicks.
Hamilton e Perez: esperaram o desgaste remover quase toda borracha e transformar seus pneus em quase slicks.
Foto: Divulgação

Por que então não contestar a equipe, a exemplo do que fez Hamilton? Stroll ainda chegou a perguntar por que estava sendo chamado para uma segunda troca, mas não teve autoconfiança para se impor – o que é compreensível em um segundo piloto. Não é o caso do holandês. Que, em vez de reagir, se enraiveceu e passou a guiar como um novato.

A resposta aponta na direção da confiança. Não só os mais experientes conseguem se impor, mas todos que acreditam em si. Essa confiança se estende às equipes.

Após a corrida, Andrew Shovlin, o chefe de engenharia de pista da Mercedes revelou o que o fez evitar uma segunda parada de Hamilton. “Não sabíamos se os pneus aguentariam até o fim”, declarou. “Não tivemos oportunidade de testar o limite desses pneus. Só nos restava apostar na sensibilidade de Lewis. Deu certo.”

Vettel, 33 anos; Hamilton, 35 anos;  Perez, 30 anos: pódio do GP da Turquia dá o que pensar.
Vettel, 33 anos; Hamilton, 35 anos; Perez, 30 anos: pódio do GP da Turquia dá o que pensar.
Foto: Divulgação

Talvez o destino de Verstappen e de Stroll fosse melhor se suas equipes tivessem lhes dado crédito. E, claro, se eles se avaliassem melhor a evolução da pista e o desgaste dos pneus intermediários. Foi isso que Hamilton, Perez e Vettel fizeram para chegar ao pódio.

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