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A McLaren perde uma parte importante de sua história

A morte de Mansour Ojjeh no ultimo sábado marca efetivamente o fim de uma fase para a equipe inglesa

8 jun 2021 - 19h27
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Mansour Ojjeh, a força calma da McLaren.
Mansour Ojjeh, a força calma da McLaren.
Foto: McLaren / Divulgação

Podemos dizer que, no último fim de semana, a McLaren cumpriu o último ato de transição da sua segunda fase, que teve início com a chegada de Ron Dennis, para a atual. Mansour Ojjeh, após uma luta contra vários problemas de saúde, morreu no último sábado, aos 68 anos.

Se a McLaren cresceu assustadoramente na segunda metade dos anos 1980 e se consolidou como equipe de ponta, foi graças a ele. Filho de uma família saudita com fortes interesses no comércio de petróleo, Mansour foi criado na Europa e criou nos anos 1970, a Techniques d'Avant Gard, ou simplesmente, TAG.

Aficionado por velocidade e por tecnologia, a empresa era uma forma de diversificar os negócios da família, e entrou na F1 na onda dos capitais árabes na Williams, no início dos anos 1980. Embora investisse na Williams como patrocinador, a cartada principal foi com Ron Dennis. Em 1981, a McLaren buscava um motor turbo para chamar de seu e negociava exclusividade com a Porsche, mas estes somente como contratados.

A parte inicial do desenvolvimento foi bancada pelo time, com a ajuda da Marlboro. Mas era preciso mais. E em 1982, Ron Dennis convenceu Ojjeh a entrar como investidor no projeto, colocando a marca TAG. A ideia inicial seria que este motor fosse usado por outras categorias e até pela própria Williams. Mas Frank Williams já negociava com a Honda e a McLaren teve a exclusividade do negócio.

Atuando nos bastidores, Ojjeh foi uma das forças da McLaren desde os anos 1980.
Atuando nos bastidores, Ojjeh foi uma das forças da McLaren desde os anos 1980.
Foto: FIA / Divulgação

A partir daí, o envolvimento aumentou. Buscando aumentar seus tentáculos, Dennis o chamou para sócio. E assim o foi, com maioria das ações ficando em seu poder e Ron Dennis tocando a empresa.

De um modo discreto, Ojjeh foi o esteio para o crescimento do time, inclusive na diversificação das atividades da McLaren, com a entrada na fabricação de carros de rua, ideia que vinha desde Bruce McLaren. Além da McLaren, a TAG ia bem. Entrou na parte de eletrônica, mecânica e até na relojoaria, comprando a Heuer e criando a Tag-Heuer, confirmando-se como referência no ramo.

Mesmo com a chegada da Mercedes-Benz como acionista, Ojjeh se manteve no grupo e ajudou Ron Dennis quando os alemães decidiram sair e bancar sua própria equipe. Sua participação foi efetivamente reduzida quando o fundo soberano barenita comprou a maioria das ações quando da capitalização do grupo e da saída de Ron Dennis.

Nos últimos anos, Ojjeh era uma figura mais sumida ainda dos paddocks. Os problemas de saúde aumentaram, o que valeu inclusive um transplante de pulmão e outro de fígado. No ano passado, transferiu ao filho seu posto de diretor na McLaren, mas ainda mantinha cerca de 14% das ações da empresa através da TAG.

Embora não fosse mais atuante, sua figura ainda pairava sobre Woking. Afinal de contas, sua atuação foi primordial para a formação do grupo como ele é hoje, tanto nos bons como nos maus momentos (o caso de espionagem de 2007, por exemplo). Agora, por força do destino, a McLaren corta o último laço que tinha com sua fase anterior, em que foi rainha da F1.  Se Ron Dennis foi o cérebro, Ojjeh foi o coração. Que Zak Brown saiba aprender a aproveitar o legado deste silencioso poderoso.

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