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A brasileira que acusará Milosevic
Foto: álbum de família
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Cristina Romanó, paranaense, é uma das cinco promotoras de acusação
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Carolina Cimenti
Redação Terra
Slobodan Milosevic é o Adolf Hitler dos anos 90. Esta é a opinião da curitibana Cristina Schwansee Romanó, de 39 anos, uma das cinco promotoras de acusação do Tribunal Penal Internacional da ONU (TPI) em Haia, na Holanda. Cristina esteve em Kosovo e viu de perto atrocidades que a horrorizaram. "Não posso falar em detalhes do que vi porque ainda estamos formulando a acusação", explica Cristina, que falou com exclusividade para o Terra.
Desde 1999, a advogada vem liderando uma equipe de 40 médicos legistas e investigadores que a acompanharam nas viagens a Kosovo e apuraram denúncias contra o homem que ficou conhecido como "Carniceiro dos Bálcãs". Cristina conheceu a guerra de perto, enfrentou temperaturas baixíssimas (15ºC negativos) e andou em carros de combate para, junto de sua equipe, reunir mais de 200 testemunhas contra o ex-ditador.
Perfil
39 anos
divorciada, sem filhos
Natural de Curitiba, PR
Formada em direito pela Universidade Federal do Paraná em 1985
Pós-graduada nos EUA em direito internacional
Trabalha no TPI desde 1999, responsável pela investigação jurídica da Guerra dos Bálcãs
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Sob as ordens da promotora-chefe do TPI, Carla del Ponte, Cristina investigou a parte jurídica do processo de limpeza étnica dos sérvios contra os kosovares de origem albanesa, expulsos em massa da província em 1999. "A pena máxima que o Tribunal aplica é a prisão perpétua, por isso, caso seja condenado, Milosevic poderá ficar detido para sempre", pondera. "Mas não posso falar sobre o que senti ao ficar frente a frente com ele. Antes do julgamento preciso manter uma opinião neutra sobre os fatos", conclui. Sete países - Áustria, Espanha, Finlândia, França, Itália, Noruega e Suécia - figuram na lista de nações dispostas a receber em prisão indivíduos condenados pelo TPI.
Cristina é divorciada e não tem filhos. Formada em Direito pela Universidade Federal do Paraná em 1985, trabalhou em escritórios até fazer um concurso e ingressar na Procuradoria do Estado. Em 1989 passou à procuradoria da República e em 1999 chegou a Haia. Antes de ir à Holanda, concluiu uma pós-graduação em Direito Internacional em São Francisco, nos Estados Unidos. Ao lado de outros três promotores - Dirk Ryneveld, Milbert Shin e Daniel Saxon - acusará Milosevic durante seu julgamento.
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