Desafios do retorno ao trabalho após o câncer

O Novembro Azul é um período dedicado primariamente à conscientização sobre a prevenção do câncer de próstata. Para Tetê Baggio, CEO e fundadora da empresa Be Back Now, essa visibilidade também deve ser direcionada para a questão das interrupções de carreira que afetam profissionais do sexo masculino devido a problemas de saúde, como o câncer.

A executiva ressalta que as pausas temporárias e involuntárias na vida profissional, causadas por razões médicas, geram dificuldades na posterior reentrada no mercado de trabalho para esses indivíduos.

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Segundo Tetê Baggio, o contexto do Brasil ainda apresenta uma mentalidade de descarte de profissionais altamente qualificados que vivenciaram esse tipo de interrupção. Essa perspectiva excludente é replicada também por sistemas de seleção automatizada, como algoritmos de plataformas de recrutamento. Esse processo tende a invisibilizar esse segmento de profissionais e a não reconhecer o valor de suas jornadas mais variadas e não lineares, conforme a fundadora da Be Back Now.

A executiva, que teve experiências pessoais de pausas na carreira, incluindo uma motivada por câncer, observa que as preocupações com a saúde após um diagnóstico se somam à ansiedade relativa à carreira. Essa dupla tensão pode, inclusive, ter impactos negativos no processo de recuperação do indivíduo.

A empresa Be Back Now, criada por Tetê, tem o propósito de reconectar profissionais com histórico de pausas ao mercado de trabalho. Adicionalmente, a iniciativa atua como suporte a organizações que buscam aprimorar suas práticas de gestão de talentos por meio da inovação. A empresa não se define apenas como um modelo de negócio, mas como um movimento em prol da inclusão.

A CEO da Be Back Now defende que a reinserção de profissionais com trajetórias de vida e carreira diversificadas, incluindo a recuperação de um câncer, é um diferencial competitivo. Organizações em busca de inovação e equilíbrio em suas equipes podem se beneficiar dessa inclusão. Tetê Baggio indica que as empresas que reconhecerem o valor intrínseco desses profissionais obterão uma posição de avanço. A criação de mecanismos capazes de integrar a profundidade humana decorrente de pausas, mudanças e recomeços é considerada indispensável.

A composição de equipes com diversidade de percursos, segundo a executiva, promove naturalmente maior criatividade, adaptabilidade e capacidade de inovação. A inclusão de profissionais com vivências variadas enriquece o repertório e a visão estratégica dos times. A pluralidade de experiências amplia a eficácia na resolução de problemas, estimula a empatia entre os colaboradores e contribui para um processo decisório mais equilibrado e humanizado.

A valorização de histórias profissionais com interrupções, portanto, transcende o compromisso social e se estabelece como uma vantagem competitiva. Ambientes corporativos que reconhecem e incentivam o poder dos recomeços adquirem maior resiliência frente às transformações do mercado e conseguem antecipar tendências com sensibilidade apurada. Abrir espaço para percursos de carreira não convencional é, na visão da fundadora, um meio de garantir o crescimento sustentável e autêntico das organizações, dado que a inovação é gerada a partir da diversidade de pensamento.