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Política

'Vou tomar, não falsifica', diz filha a investigado por fraude em cartões de vacina da covid-19

Mensagens entre ex-secretário de Duque de Caxias (RJ) e sua filha fazem parte do inquérito que resultou no indiciamento de Bolsonaro

19 mar 2024 - 15h00
(atualizado às 17h01)
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Resumo
O relatório da Polícia Federal (PF) apontou que João Carlos de Sousa Brecha, ex-secretário de governo de Duque de Caxias (RJ), teria inserido dados falsos nos cartões de vacinação contra o coronavírus. A troca de mensagens entre Brecha e sua filha, destacada pela investigação, corroboram esse envolvimento.
Ex-presidente Jair Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro
Foto: Reuters

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre o esquema de inserção de dados falsos em cartões de vacinação da covid-19, que envolve tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto seus aliados, destaca uma troca de mensagens peculiar entre João Carlos de Sousa Brecha, ex-secretário de governo de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e sua filha. As informações foram divulgadas pela TV Globo e confirmadas pelo Terra

Conforme apontado pela PF, Brecha estava encarregado da inserção de dados fraudulentos nos cartões de vacinação. Em uma troca de mensagens datada de 19 de outubro de 2022, a filha do ex-secretário solicitou ao pai que não falsificasse informações em seu cartão de vacinação.

"Papai, eu vou tomar a vacina do Covid segunda dose segunda, não falsifica, por favor", pediu a filha a João Carlos Brecha.

A conversa consta do relatório da PF divulgado nesta terça-feira, 19, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do material. 

De acordo com a investigação, a filha de João Carlos Brecha se referia à segunda dose da vacina, uma vez que já havia recebido a primeira dose do imunizante contra o coronavírus em junho de 2022, conforme comunicado por ela em um grupo de conversas no aplicativo de mensagens WhatsApp.

Na avaliação da PF, as conversas entre João Carlos Brecha e sua filha são mais uma evidência que corroboram o papel do ex-secretário de Duque de Caxias na execução da inserção de dados fraudulentos de vacinação de várias pessoas sob investigação.

Entenda a investigação

A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso que investiga a falsificação do cartão de vacina. Além de Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) foram indiciados. Essa é a primeira das investigações da PF contra Bolsonaro que avança para a fase de indiciamento. Outras 14 pessoas foram indiciadas, entre servidores, médicos e militares, somando o total de 17 pessoas.

O indiciamento aponta os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público. O indiciamento é quando o órgão policial conclui que há elementos suficientes de autoria de crimes e encaminha o caso ao Ministério Público, que decidirá se apresenta a denúncia à Justiça ou arquivará o caso.

O colunista do Terra Guilherme Mazieiro procurou a assessoria de Jair Bolsonaro, mas ainda não teve retorno. Pelo Twitter, o ex-secretário de comunicação e advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, considerou "lamentável" o vazamento de informações à imprensa.

Durante as investigações da PF, Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão e teve celular e equipamentos apreendidos, além de ex-assessores terem sido presos presos, entre eles Mauro Cid. 

A operação, batizada de Venire, investigava a inserção de dados fraudulentos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, que teriam sido usados para garantir a entrada nos Estados Unidos de Bolsonaro e membros do círculo familiar e pessoal do ex-presidente, burlando a exigência de imunização.

Segundo a PF, o nome da operação é uma referência ao princípio Venire contra factum proprium, que em latim significa "ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos".

Além da PF, a CGU também investigou o caso de falsificação nos registros de vacina. Em janeiro deste ano, o órgão concluiu que são falsos os registros de imunização contra covid-19 no cartão de Bolsonaro. Segundo a pasta, foram registradas três doses fraudulentas. A primeira delas foi inserida em julho de 2021, por meio da UBS Parque Peruche, em São Paulo. Nesse caso, a CGU, apesar de ter confirmado a fraude, não conseguiu identificar o autor da falsificação, em razão de limitações do Sistema VaciVida, o portal estadual de vacinação de São Paulo.

As demais doses foram registradas nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022, em Duque de Caxias (RJ). Os investigadores chegaram a auxiliares do ex-presidente Bolsonaro e servidores do município fluminense que estariam envolvidos em uma esquema de falsificação.

Fonte: Redação Terra
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