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Impeachment

Eurasia avalia que chance de Dilma cair já é de 75%

17 mar 2016 - 15h52
(atualizado às 15h53)
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A Eurasia Group, consultoria especializada em cenários políticos, elevou de 65% para 75% as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A revisão ocorreu após a divulgação, nesta quarta-feira (16), de conversa entre ela e seu antecessor e atual ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva. O diálogo foi interpretado pela força-tarefa da Lava Jato e pela oposição como uma tentativa da presidente de obstruir a Justiça, ao nomear Lula para o gabinete e, por tabela, lhe conferir foro privilegiado.

Manifestação pelo impeachment: gravações praticamente colocam Dilma para fora do Palácio do Planalto
Manifestação pelo impeachment: gravações praticamente colocam Dilma para fora do Palácio do Planalto
Foto: Márcio Juliboni / O Financista

A divulgação da conversa foi sustentada pela decisão do juiz Sérgio Moro, que coordenada a Lava Jato, de retirar o sigilo de Justiça do caso. Para a Eurasia, o episódio minou a capacidade de Lula de liderar uma reação do governo, antes mesmo que pudesse pôr mãos à obra. Outras conversas divulgadas também não ajudam em nada o ex-presidente.

A consultoria cita, por exemplo, o pedido de Lula ao ex-ministro Jacques Wagner para conversar com a ministra Rosa Weber, do STF, sobre seu caso. O petista também solicitou que o titular da Fazenda, Nelson Barbosa, cobrasse explicações da Receita Federal sobre as apurações no Instituto Lula. “A repercussão imediata foi aumentar o movimento em favor do impeachment no Congresso”, afirma o relatório assinado por Christopher Garman, João Augusto de Casto Neves e Cameron Combs.

"Fatality"

Para a Eurasia, o impacto do caso pode representar “um revés que se provaria fatal” para o governo. Isto porque a nomeação de Lula para a Casa Civil não intentava, apenas, conferir-lhe foro privilegiado, com o objetivo de colocá-lo fora do alcance do juiz Sérgio Moro, da 1ª instância. Do lado propriamente político, Lula é a última esperança de Dilma de evitar que os partidos mais centristas da base a abandonem – sobretudo o todo-poderoso PMDB do vice-presidente Michel Temer.

Lula tentaria convencer os peemedebistas de que é melhor permanecer num governo capenga, como o de Dilma, do que se aventurar sozinho a se expor à sanha de Moro, com Temer à frente de um governo de transição. Mas, agora, diante da divulgação das gravações e dos termos bastante deselegantes com que Lula e seus interlocutores se referiram a parlamentares do PMDB, à OAB e ao STF, a avaliação geral é de que não há muito clima para apaziguar o cenário.

“As defecções [de partidos da base] vão se acelerar com os desdobramentos de ontem”, afirma a consultoria, citando o PRB, que anunciou o rompimento formal com o governo e, portanto, a saída da base aliada. “Esperamos novas saídas nas próximas uma ou duas semanas; até mesmo, potencialmente, do PMDB,”

Com o agravamento da crise, restam poucas cartas para Dilma. Segundo a consultoria, a única opção agora é o PT, Lula e o governo tentarem politizar as investigações, com o objetivo de desmoralizar o juiz Sérgio Moro e a Lava Jato. Ao mesmo tempo, insistirá com o PMDB de que não estará imune ao magistrado, mesmo que detenha a cadeira de presidente da República.

A Eurasia acredita que tudo isso vai acelerar o processo de impeachment de Dilma. Mas, mesmo a toda velocidade, o rito na Câmara é relativamente longo. O processo não deve ser votado na Casa até abril. Além disso, não deve ser apreciado pelo Senado antes de maio.

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