Uma onda de sofrimento e raiva espalhou-se hoje pela cidade portuária que é a base da Frota Norte da Rússia, após as notícias da morte de toda a tripulação do submarino Kursk, encalhado no fundo do mar desde o dia 13. "Que tristeza. Não quero acreditar nisso", disse Yulia Kalmykova, uma dona de casa de Severomorsk, a cidade militar que serve de moradia para os tripulantes do Kursk.
"Tivemos esperanças todos esses dias e rezamos. Meus parentes não estão a bordo, mas sinto como se minhas próprias crianças estivessem lá. Nas últimas duas noites, eu não pude dormir, esperando por notícias", disse Kalmykova.
Muitos moradores da cidade atacaram as autoridades russas, especialmente por recusarem ajuda internacional durante quase cinco dias.
Alexander Bobrov, membro da marinha, disse que as autoridades deveriam ser punidas.
"Perdemos tempo. Não deveríamos ter esperado uma semana inteira para decidir se aceitaríamos ou não a ajuda da Noruega", disse.
"Isso é um caso de negligência criminosa. Se for determinado que as pessoas ainda poderiam ter sido salvas nos primeiros dias do naufrágio, então aqueles que recusaram a ajuda internacional devem ser julgados", acrescentou.
Natash Furs, que mora em Murmansk, a cidade civil vizinha de Severomorsk, afirmou que os líderes do governo deveriam ser responsabilizados. "Nosso presidente é responsável por isso. A vida humana não vale muito aqui. Veja a história de nosso país: é sempre melhor que alguém morra do que o vazamento de um segredo", disse ela.
Mergulhadores noruegueses afirmaram que não havia chances de haver sobreviventes no Kursk, um submarino nuclear russo encalhado a cerca de 108 metros de profundidade no mar de Barents (norte da Rússia). Eles encontraram todas as partes do submarino tomadas pela água.
As causas do acidente ainda não foram determinadas.