A situação crítica na qual se encontram os tripulantes do submarino nuclear russo Kursk, naufragado desde o fim de semana com 118 marinheiros a bordo, deu impulso à aproximação entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), cujas relações deterioraram-se durante a Guerra de Kosovo, no ano passado.A luta contra o relógio para salvar a vida dos 118 tripulantes e para recuperar o submarino deixou em segundo plano o orgulho militar da potência russa que, em busca de uma solução, enviou a Bruxelas uma missão liderada pelo subchefe de Estado Maior da Marinha, Alexander Poboji.
A aproximação entre Rússia e Otan alcançou seu ápice desde que o então presidente russo Boris Yeltsin assinou, em maio de 1997, em Paris, um documento histórico de cooperação entre os dois antigos inimigos.
No entanto, a crise em Kosovo reabriu as feridas, interrompeu as até então regulares reuniões mensais do Conselho Conjunto Permanente e levou Moscou a chamar para consultas seu representante, em protesto pelos bombardeios da Otan contra a Iugoslávia.
O ataque contra seus aliados históricos sérvios levou a Rússia a ameaçar com a possibilidade de confronto armado com a aliança atlântica, o que trouxe à tona os fantasmas de uma guerra em grande escala. As intensas gestões diplomáticas impediram que isso ocorresse. Após o encerramento dos ataques da Otan contra a Sérvia, a Rússia enviou a Kosovo sua própria força de manutenção de paz, que - após longas e tensas negociações - acabou por associar-se à Kfor.
Ao chegar ao quartel general da Otan, em Bruxelas, o almirante Poboji pediu hoje que não seja atribuído um caráter político à sua visita. "O motivo de minha presença aqui é coordenar problemas de ordem técnica e de organização", declarou.
A presença da missão russa no seio da Otan é "para que os russos decidam quais ofertas de ajuda dos aliados serão finalmente aceitas", explicou o secretário-geral adjunto da Otan, Sergio Balanzino.
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