Angustiados mas ainda esperançosos, parentes de cinco marinheiros a bordo do submarino nuclear russo, preso no fundo do mar de Barents, e que moram na cidade com o mesmo nome da embarcação, Kursk, partiram hoje para a base naval onde se concentram as operações de resgate.Enquanto partiam, outros parentes corriam ao lado do trem, jogando beijos. "Eu lembro quando Dima partiu, foi a mesma coisa", disse Yuri Kuznetsov, tentando conter as lágrimas. "Ele acenou para mim do trem, um pouco nervoso... Eu disse a ele que tudo ia dar certo".
Terceira classe
Ele referia-se a seu sobrinho de 20 anos, Dmitry Staroseltsev, cuja mãe, Valentina, estava no trem, numa viagem na terceira classe paga pelo governo local. A oferta do administração municipal trouxe de volta alguma vida ao rosto da mãe de Dmitry e deu a ela um motivo para desgrudar do aparelho de televisão que vinha sendo sua linha da vida desde que soube no domingo que o submarino Kursk havia afundado.
Mais perto de meu filho
"Estou fazendo o que devo fazer", disse ela, enquanto fazia rapidamente as malas para a viagem de um dia de Kursk, situada 450 quilômetros ao sul de Moscou, até o porto ártico de Murmansk. "Qualquer coisa que me leve para mais perto de meu filho...", explicou. Ainda assim, são pequenas as chances de a viagem produzir boas notícias. Equipes de resgate têm lutado por dias para alcançar o submarino e, nas últimas horas, não têm ouvido sinais de vida em seu interior.
Angústia
A viagem pôs fim a um angustiante dia para as famílias, que ficaram horas buscando ajuda da administração regional de Kursk para a viagem. As famílias não podiam pagar as passagens, e passaram toda a semana assistindo tristemente pela televisão a parentes de outros marinheiros que se reuniram em Murmansk para compartilhar suas dores.
Eles foram divididos em grupos que serão levados de barco para o mar a fim de receberem os marinheiros - caso eles sejam resgatados.
Letargia
Quando autoridades de Kursk anunciaram hoje que a viagem seria realizada, a mãe de Dmitry despertou da letargia em que se encontrava e começou a dar ordens para os outros parentes, pedindo a uns para trazerem salsicha para a viagem de trem e a outros as bebidas.
Olga Kuznetsova não estava entre aqueles que partiram hoje em busca de notícias do filho dela, Mikhail. Horas depois que o submarino afundou, Luznetsova teve alta de um hospital em Moscou, onde se submeteu a uma cirurgia de câncer de mama. Ela voltou para casa em Kursk, mas ainda está muito fraca, se recuperando.
Espantando a tristeza
Mas ela ajudou as outras famílias a pressionar a administração municipal, pois precisava sentir que estava fazendo algo, para espantar a tristeza que a estava dominando, explicou.
Muitas famílias dos 118 tripulantes do Kursk moram nesta pequena cidade industrial, onde muitos deles são recrutados em escolas locais. A Marinha ainda não divulgou a lista dos marinheiros a bordo, mas estima-se que dezenas deles sejam de Kursk.
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