Os familiares dos marinheiros presos no submarino russo acidentado estão achando difícil conviver com o temor de que nunca mais voltarão a ver seus filhos, maridos e irmãos. A marinha russa lançou hoje sua terceira tentativa de salvar os 116 homens presos no submarino russo Kursk, naufragado no leito do mar de Barents, no Ártico, desde o domingo.
O tempo de vida encurtava para a tripulação, devido ao esgotamento do oxigênio disponível. Duas tentativas anteriores de acoplar ao submarino uma cápsula de resgate fracassaram.
"Eles estão nos dizendo para agüentarmos firme. É claro que estamos agüentando, cada pessoa se conforta como pode, mas basta ligar a televisão para recomeçar tudo de novo", disse ao jornal Polyarnaya, de Murmansk, Galina Belogun, esposa de um oficial do Kursk.
"Não estamos mais conseguindo assistir aos noticiários, que contam que nossos homens estão morrendo. É insuportável", acrescentou.
Belogun disse que seu marido é engenheiro no Kursk e que ela e outros familiares de tripulantes se reuniram com a marinha na segunda-feira para descobrir o que estava acontecendo. Ela criticou a marinha por não fazer o suficiente.
"Eles não nos disseram nada de concreto nessa reunião, fizemos perguntas concretas e eles pretendem nos reunir novamente, mas acho que não vão nos dar respostas", disse a mulher do oficial.
"As esposas perguntaram: Nos digam oficialmente se meu marido está vivo ou não, e em que setores do submarino estão os homens?. Mas eles não puderam nos responder naquele momento", disse Belogun.
Muitos parentes dos tripulantes do Kursk já estão reunidos num navio-hospital especial ancorado no porto de Severomorsk, perto de Murmansk, prontos para cuidar dos homens se e quando eles forem retirados do mar.
Severomorsk é a base da Frota do Norte russa, da qual o Kursk faz parte, e fica fechada a todos, menos a seus habitantes e a pessoas especialmente autorizadas a entrar na cidade.
Belogun disse que espera que os serviços de resgate consigam retirar os tripulantes do submarino, mas que tem uma idéia clara das dificuldades que enfrentam.
"Acho que a própria Frota do Norte vai resolver a situação por conta própria", disse. "O único problema é que a reserva de oxigênio no submarino dura apenas 72 horas, se não houver eletricidade".
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