Mais de 10% da população africana está contaminada pela Aids
Terça, 27 de junho de 2000, 13h48min
Confira o quadro geral da infecção no mundoUm informe da ONU divulgado nesta terça-feira em Genebra revela que 34,3 milhões de pessoas estavam contaminadas com o vírus da Aids e quase 3 milhões morreram da doença no ano passado. O quadro mais negro da infecção foi registrado em Botsuana, na Africa, que tem mais de 30% da população adulta infectada pelo vírus. A África como um todo tem mais de 10% da população atingida pela doença. "A menos que ocorra um milagre, a maioria desses 34,3 milhões de pessoas vai morrer nos próximos dez anos", destaca o estudo. Cerca de 5,4 milhões de pessoas contraíram o vírus em 1999 e 2,8 milhões de pessoas com Aids morreram nesse ano. A quantidade total de falecimentos desde o início da epidemia chega a 18,8 milhões. "Atualmente, a Aids é claramente uma crise de desenvolvimento e, em algumas regiões do mundo, está se convertendo rapidamente numa crise de segurança", disse Peter Piot, diretor executivo do programa das Nações Unidas para combate à Aids (ONUAIDS), no prefácio do informe. A introdução do documento destaca o caráter "totalmente desestabilizador" da Aids "nos sistemas geopolíticos já frágeis e complexos". "O impacto devastador da Aids nas bases sociais, econômicas e demográficas do desenvolvimento não tem comparação", afirmou Piot depois de ter evocado as conseqüências da pandemia nos índices de mortalidade infanto-juvenil e materna, na expectativa de vida e no crescimento econômico. Na América Latina, os países das ilhas caribenhas têm as mais elevadas proporções de portadores do vírus HIV e de enfermos adultos em relação à população adulta total. O HIV está dizimando as populações de várias ilhas caribenhas. No Haiti, mais de 5% dos adultos vivem com o HIV e nas Bahamas a texa chega a 4%. Honduras, Guatemala e Belize registram um desenvolvimento rápido da Aids entre os heterossexuais, assim como no Brasil. A ONUAIDS destaca que, na América Latina, a vigilância sistemática do HIV é pouca entre os grupos que apresentam comportamentos sexuais de alto risco, como, por exemplo, os homossexuais. Mas é na África subsaariana que o avanço da doença é mais agudo: das 5,4 milhões de novas contaminações por HIV registradas em 1999, 4 milhões foram nessa região. Em Zâmbia, Lesoto, Botsuana, Suazilândia, Zimbábue, Namíbia e África do Sul, um de cada cinco adultos é portador do vírus da Aids. Em 1991, as estimativas previam que até o fim do decênio, a África subsaariana registraria nove milhões de pessoas infectadas e cinco milhões de mortes. Mas, como destaca a ONUAIDS, as cifras atuais são três vezes maiores. A África do Sul, com 4,2 milhões de soropositivos, tem o maior número absoluto de pessoas contaminadas no mundo. Em comparação com os números da África, os da Ásia parecem alentadores. A taxa de contaminação entre pessoas de 15 a 49 anos é menor do que 1% em três países: Camboja, Birmânia e Tailândia. Na Indonésia, quarto país mais povoado do mundo, menos de cinco em cada 10 mil pessoas vivem com HIV e, nas Filipinas, a proporção é de sete para cada 10 mil. Em alguns países muito povoados, entretanto, mesmo taxas baixas de contaminação significam quantidades imensas de pessoas vivendo com o vírus. Na Índia, onde sete de cada mil adultos estão infectados, 3,7 milhões de pessoas vivem com Aids. É um número maior do que o de qualquer outro país do mundo, excetuando-se a África do Sul. Na Europa Oriental e na Ásia Central, o uso de drogas continua sendo a principal forma de contaminação pelo HIV. O informe ONUAIDS é publicado a cada dois anos. O de 2000 precede a Conferência Internacional sobre Aids, que acontecerá de 9 a 14 de julho em Durban (África do Sul).
| Panorama da Aids no mundo | | Brasil | | O Brasil, ao lado de Uganda, Índia e Tailândia, vem demonstrando que é possível conter o avanço da doença. Segundo o relatório, uma política de prevenção e medicamentos alternativos estão rendendo bons resultados. | | América do Norte | | Calcula-se que cerca de 900 mil pessoas tenham o vírus da Aids. Nos Estados Unidos, a taxa de infecção é de 0,61% da população adulta e no Canadá, de 0,30%. A maior concentração de infectados está nos consumidores de drogas injetáveis e nos homossexuais. Estudos, em São Francisco, afirmam que aumenta o comportamento de risco dos homossexuais jovens, o que representa um perigo para o aumento da doença. | | América Latina e Caribe | | Cerca de 1,67 milhão estão infectados. A doença é difundida, principalmente, nas relações heterossexuais. A situação mais grave é a do Haiti com 5,1% de adultos infectados, seguido por Barbados, cuja taxa é de 4,1%. | | Europa | | Aproximadamente 940 mil pessoas estão infectadas pelo vírus HIV. As taxas de infecção crescem na Europa oriental e na ex- União Soviética, entre os consumidores que compartilham as agulhas das drogas injetáveis. A Ucrânia tem a taxa mais elevada da região com 1% de adultos infectados. | | Ásia | | Calcula-se que cerca de 6,13 milhões de pessoas tenham o vírus da Aids. No Camboja, a taxa de adultos infectados é de 4,4% e é a mais alta da região, sendo que na maioria a transmissão do vírus ocorre nas relações heterossexuais. A taxa na Tailândia é 2,15%, mas vem diminuindo a propagação da doença, graças as campanhas maciças de prevenção. Na Índia, 3,7 milhões de pessoas estão com o vírus da aids, alcançando o segundo maior índice, só perdendo para a África do Sul, com uma taxa de infecção de 0,7%. A nação mais povoada do mundo, a China, tem uma taxa de 0,07% de pessoas infectadas. |
| Oceania | | Cerca de 15 mil pessoas estão infectadas pelo vírus da aids, na Austrália e na Nova Zelândia. | | África | | Aproximadamente 24,5 milhões de pessoas estão contaminadas. Houve um aumento de 4 milhões no ano de 1999. Mais da décima parte da população adulta está infectada em 16 países. Os piores casos são os de Botsuana, com 35,8% da população infectada; em Suazilândia, com 24,3%; Zimbábue, com 25,1%; Lesoto, com 23,6%; Zâmbia, com 20% e a África do Sul, com 20%. A força de trabalho está bastante comprometida pelas elevadas taxas de infectados entre os adultos mais jovens e os sistemas de saúde desmoronam. A doença é difundida, na sua grande maioria, nas relações heterossexuais, sendo as mulheres mais infectadas que os homens. Esses dados são do final de 1999. |
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