A Sanfona Dá o Tom
por Gilson Oliveira

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[ Camarão é o Pai ]
[ O Estradeiro do forró ]
[ Um Nome no Aumentativo ]

Um Nome no Aumentativo

Chama-se Severino Bezerra da Silva, é pernambucano e atua na área da música. O seu nome artístico é... "Bezerra da Silva". Certo? Errado. - "Silveirinha" é a resposta correta. O batismo foi feito por alguém que, como ele, é sanfoneiro e, apesar de ter o nome no diminutivo, está, no sentido de sucesso profissional, cada vez mais no aumentativo: Dominguinhos.

A amizade entre Silveirinha e Dominguinhos começou em 1992, em Exu, durante a homenagem que é anualmente prestada a Luiz Gonzaga. Na oportunidade, o autor de "Eu Só Quero Um Xodó" (parceria com Anastácia) dividiu o palco com o ainda pouco conhecido sanfoneiro e tocou e cantou uma música dele, "Jeito Gostoso". Durante o evento, Silveirinha tocou com outros nomes famosos, como Fagner.

Nascido em Itambé, na fronteira entre Pernambuco e a Paraíba, Silveirinha é mais um artista cuja origem, parodiando uma frase sobre gatos, faz acreditar que "filho de sanfoneiro é sanfoneirozinho" (ou "sanfoneirozão", a depender do talento do herdeiro, como é o caso do artista). Poderia, no entanto, ter se transformado em violeiro, afinal, embora tocasse sanfona, Antônio Bezerra da Silva, o pai, era mais conhecido como "Antônio da Viola". Mas era a sanfona que realmente estava no sangue...

Apesar de estar entusiasmado com o Cascabulho - grupo que participa como convidado -, Silveirinha tenciona conciliar as atividades da banda com sua carreira individual, iniciada ainda em Itambé, em meados da década de 70. À época, conhecido como "Biu do Acordeon", mantinha a tradição de tocar em casamentos e batizados, mas "casava e batizava" principalmente nas "latadas", como eram chamadas na gíria itambeense as palhoças típicas que abrigavam barzinhos, com direito a cobertura de palha de coqueiro e, à noite, luz de candeeiro.

A chegada ao Recife se deu em 1977, ano em que começou a tocar com Duda do Rojão, apresentando-se em clubes de bairro, feirinhas típicas e outros espaços à época muito populares. Como, nesse período, a música só dava para alimentar o espírito, começou a trabalhar como motorista de ônibus e, em seguida, de táxi.

Não foi sem motivo que o primeiro disco, gravado em 96, tinha o título de "Motorista Forrozeiro - Na Direção do Forró". O segundo CD - batizado de "Silveirinha"- saiu logo no ano seguinte. Participação especial? Ora! Dominguinhos... Atualmente, está planejando gravar dois discos. O primeiro, já plenamente definido, será instrumental e sairá pelo selo Mangroove, com produção de Zé da Flauta.