O estilista Alexandre Herchcovitch abriu a semana do São Paulo Fashion Week nesta quarta-feira brincando novamente com estereótipos sobre o que é masculino e feminino e adicionou um componente inovador a seu exercício de criação -- o underwear para homens.

"Quis fazer roupas bem confortáveis, largas. Quando você vê uma roupa assim, você não sabe se quem está usando é homem ou mulher", disse ele após o desfile.

Os modelos, três deles mulheres, apareceram novamente com os rostos praticamente cobertos por perucas pretas, uma marca do estilista que revela corpos brancos e assexuados que devolvem a atenção para a roupa.

Esse ar andrógino veio aliado a uma coleção de contrastes nas proporções e repleta de boas sacadas da roupa underwear masculina, que iam da cueca à velha ceroula.

"O underwear não foi colocado como mera referência, ele virou uma interferência no amarramento das roupas", disse à reportagem a editora da revisa Vogue Patrícia Carta.

Elásticos em preto ou amarelo vibrante sobre as peças ou nas pernas formavam desenhos geométricos nas calças, que traziam vários tipos de modelagem, algumas ajustadas ao corpo, outras bem largonas no estilo oversize.

Mini e Maxi Juntos
Na parte superior, um choque. Blazers minúsculos que deixavam até os pulsos à mostra entraram em contraste com calças enormes de boca larga apresentando uma nova silhueta, condensada num macacão jeans que tinha a cintura marcada abaixo dos quadris.

Como nos jogos de espelhos, Herchcovitch refez o corpo por meio da roupa, questionando as proporções ajustadas ou harmoniosas que imperam nas passarelas.

As combinações felizes nas cores também garantiram um espetáculo surpreendente, que começou com peças pretas, foi recebendo interferências do amarelo, azul-marinho, branco, cereja, rosa-velho e, principalmente, do verde-água.

Os sapatos, que lembravam os londrinos Dr. Martens, também foram ganhando cor e terminaram num arco-íris pálido.

Entre os tecidos, provocaram bonitos efeitos as calças e jaquetas de papel amassado, os jeans acetinados e as sempre irretocáveis peças de alfaiataria.

"Ele mostrou inovação", diz Carta, referindo-se à proposta de transformar a chamada "roupa de baixo". "Gostei também dos paletós encolhidos e das cores dos sapatos", acrescentou.

Reuters

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