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Parada GLBT 2000
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Assumir opção sexual em público ainda é tabu

Foto: Alexandre Tahira/Terra

Domingo, 17 de junho de 2001, 23h10

A Parada GLBT, criada para celebrar o orgulho gay, nem sempre abriga participantes com a coragem suficiente para assumir sua opção sexual na frente das câmeras.
Tentamos registrar a opinião de diversas pessoas sobre o evento, mas quando perguntávamos seus nomes completos ou pedíamos para gravar entrevistas em vídeo, a maioria mostrou-se constrangida e recusou-se a prosseguir.

A explicação dessa atitude seria, segundo os próprios entrevistados, o preconceito que ainda dizem sofrer. As lésbicas Rosângela e Teresa são um bom exemplo disso. De acordo com elas, não é nada fácil ser um casal homossexual. "A gente não anda de mãos dadas nas ruas. Não dá, né? A minha família nem sabe do nosso relacionamento", disse Rosângela.

Para Renato Baldin, da equipe de organização do evento, a aceitação por parte dos heterossexuais não se dá de uma hora para outra. "As mudanças estão acontecendo, mas aos poucos, devagar. Acho que a Parada é uma sementinha para que isso ocorra mais rapidamente. Pelo menos, com ela tentamos elevar a auto-estima do homossexual para que ele se imponha perante à sociedade", explicou.

Carnaval na Paulista
Se fora da Parada os homossexuais ainda são censurados, nela a liberdade é total e aproveitada por inteiro, com casais beijando-se ao som dos trios elétricos. Arrastando cerca de 200 mil pessoas num percurso que foi do início da Avenida Paulista até a Praça da República, o que cobre aproximadamente 4,5 km, a Parada GLBT pode ser comparada a uma festa de Carnaval, já que o grande interesse dos participantes parecia ser apenas a diversão.
Com exceção de um carro composto por grupos militantes, como o MOLECA (Movimento Lésbico de Campinas), os outros trios que desfilaram na parada eram, em sua maioria, patrocinados por boates ou revistas gays, e tinham como maior preocupação tocar boa música para o povo dançar. Por boa música entenda-se os velhos hinos gays como I'll Survive (cantada no final pelo cantor Edson Cordeiro), It's raining men e outros hits da disco music.
Em nome da diversão, as palavras de ordem foram deixadas para o final, quando artistas como Laura Finochiaro, Vange Leonel, Elza Soares e o próprio Edson Cordeiro deram um show cantando o hino da Parada GLBT, que tem como tema a diversidade.

Simpatizantes buscam a festa
Nem só os homossexuais pretendiam se divertir com a Parada. Muitos heterossexuais estiveram no evento, mas para eles o objetivo parecia ser apenas aproveitar a festa. "Eu moro aqui pertinho e vim só para ver a animação", contou Soares, de 40 anos, que estava acompanhado por Aída, de 25. "Eu venho todo ano, acho muito bonito", disse Clô, de 64 anos. Já Leonel, um professor titular da Universidade de São Paulo, optou por prestigiar a Parada como uma forma de celebrar a cidadania. "Eu me sinto na obrigação de apoiar as diferenças", afirmou.

Homens são maioria
Apesar do movimento ser destinado aos gays, lésbicas, bissexuais, simpatizantes e transgêneros, era notável a diferença entre o número de homens e mulheres, estas em quantidade muito inferior. Segundo uma militante lésbica, as mulheres teriam sido sempre mais reprimidas sexualmente. Por conta disso são mais discretas e não fazem tanta questão de aparecer. "Além disso, a gente não se produz como as drag queens, por isso não chamamos tanta atenção", explicou.

Muita gente para pouco espaço
Considerada o maior evento gay da América Latina, a Parada GLBT de São Paulo pretende reunir ainda mais gente no ano que vem. "Atrás do caminhão de som há um carro que está recolhendo R$1 de cada pessoa que quiser colaborar. Vamos doar para a gente conseguir fazer uma festa ainda maior. Vamos reunir 500 mil pessoas em 2002", dizia um dos organizadores. Agora só resta saber se haverá espaço para tanta gente, já que hoje, com pouco menos da metade disso, a polícia teve muito trabalho para manter pelo menos uma pista da Paulista aberta para os carros.

Veja também:

  • Galeria de fotos do evento
  • Vídeos com Clipe e Entrevistas
  • 200 mil pessoas participam da Parada Gay
  • Secretário condena falocracia em nome da prefeita
  • Grupo de deficientes auditivos luta pela causa gay
  • Marta quer uma semana de comemoração gay
  • Simpatizantes querem apenas se divertir
  • PSTU apóia uniao de gays
  • Grupo gay satiriza crença de culto evangélico


    Camila Gonçalves
    Redação Terra






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