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Depois do susto, Cláudia Raia está pronta para viver transexual

Sábado, 01 de setembro de 2001, 17h10

"Depois de Tonhão no TV Pirata, faço qualquer coisa". (Foto: Luiza Dantas/Carta Z)

Cláudia Raia pensou que fosse enfartar quando foi chamada para fazer um transexual em As Filhas da Mãe. O convite - ou melhor, a "notícia-bomba", como ela própria define - chegou a caminho de Nova Iorque, num vôo em que, coincidentemente, o autor Silvio de Abreu também estava. Até hoje, ela não sabe se naquele instante o avião entrou numa turbulência ou se foi ela que começou a tremer. Na dúvida, pediu um copo de água-com-açúcar para a aeromoça. "Não preguei os olhos a viagem inteira. Fiquei assustadíssima", recorda, risonha.

Espantado com a reação da atriz, Sílvio aproveitou o vôo para jogar sua lábia. Explicou que Ramona não passava de uma grande brincadeira e que a personagem não seria enfocada com a mesma seriedade com que foram vistos homossexuais como Sandrinho e Jefferson, de A Próxima Vítima, ou Rafaela e Leila, de Torre de Babel. Por fim, lustrou o ego da moça dizendo que nenhuma outra atriz teria a coragem de se expor num papel como este. "Papéis como este exigem um certo despudor. Mas, depois que fiz o Tonhão no TV Pirata, faço qualquer coisa", diverte-se.

Mesmo sendo uma "piada", Ramona trouxe problemas para a classificação da novela para o horário das sete. A princípio, o Ministério da Justiça queria que As Filhas da Mãe fosse exibida no horário das oito. "É uma hipocrisia só. Todos os domingos, a gente vê bundas em profusão na tevê e ninguém fala nada", reclama a atriz. Mais uma vez, o autor se encheu de paciência e explicou que, na verdade, Ramona pode ser apenas uma impostora se fazendo passar por uma das três personagens-título.

Mudar de sexo

De fato, a novela conta a história de três irmãos, um menino e duas meninas, separados na infância. Quando se reencontram, anos depois, para brigar pela herança da mãe, o menino diz ter feito operação para mudar de sexo e "virado" um mulherão. Logo, Alessandra e Tatiana, as outras herdeiras interpretadas por Bete Coelho e Andréa Beltrão, sugerem um exame de DNA. Ramona, porém, prefere manter o mistério. Alheia à polêmica sobre a transexualidade, ela vai ter um caso com Leonardo, papel de Alexandre Borges. "É uma comédia deliciosa e Ramona é a mocinha. É como se ela fosse a Regina Duarte da novela. No meu caso, um Reginão", corrige a simpática mulher de Edson Celulari e mãe do pequeno Enzo, de quatro anos.

Para compor o tom farsesco da personagem, Cláudia não julgou necessário fazer laboratório. Ela se diz familiarizada com o universo gay e vai elaborar a Ramona a partir da própria observação. Quando começou a carreira como bailarina, Cláudia se cansou de ouvir brincadeiras que a comparavam a travestis e "drag queens". Tudo por causa da beleza exuberante, emoldurada pelos lábios carnudos sempre pintados de vermelho, a vasta cabeleira que já mereceu puxões de fãs mais desconfiados e a altura de 1,80 m, ressaltada pelo inseparável salto 15. "Na adolescência, era maior do que o normal. Mas acho que hoje estou do tamanho certo", torna a brincar.

Inclinação para o humor

Aos 34 anos, Cláudia Raia é a primeira a reconhecer que sempre teve inclinação para o humor. Não por acaso, estreou na tevê no humorístico Viva o Gordo, em 1983, fazendo comédia ao lado do ex-especialista no gênero, Jô Soares. Dois anos depois, fez a sensual Ninon em Roque Santeiro e não parou mais. Em 18 anos, já fez mocinha, heroína e vilã. Mas ficou famosa mesmo graças a tipos cômicos, como a escandalosa Tancinha, de Sassaricando, ou a estabanada Adriana, de Rainha da Sucata – as duas de Silvio de Abreu. "A não ser pelo trabalho, nunca levo nada a sério. Sou debochada por natureza", confessa.

Por essa associação com o humor, Cláudia pouco foi chamada para fazer tipos dramáticos na tevê. Quando Denise Saraceni sugeriu a atriz como protagonista da minissérie Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados, o diretor Carlos Manga levou um susto: "Mas ela é comediante!". Só com muita insistência, ele deu uma olhada nos testes da atriz. Na mesma hora, Manga mandou chamar Cláudia e pediu desculpas a ela. "Em vez de ficar reclamando da vida, corri atrás e virei a mesa. Consegui mostrar que posso fazer vários tipos", gaba-se.

A atriz Cláudia Raia já passou poucas e boas nas mãos de Sílvio de Abreu. Em 1990, ela teve de engordar 11 quilos para interpretar a roliça bailarina Adriana de Rainha da Sucata. Onze anos depois, se expôs ao ódio do público como Ângela, de Torre de Babel. "Ela era uma psicopata capaz de matar uma pessoa e, logo depois, tomar um suco de melancia sem a menor cerimônia". Claudia conta que chegava em casa com o estômago embrulhado por causa da personagem.

Talento versátil

A bem-sucedida parceria entre Cláudia e Sílvio de Abreu ultrapassou os estúdios. Os dois montaram juntos três musicais: Não Fuja da Raia, Nas Raias da Loucura e Caia na Raia. "Foram sete anos de sucesso ininterrupto", suspira. Por isso mesmo, foi fácil para Cláudia convencer a direção da Globo de transformar Não Fuja da Raia em programa de tevê. "Infelizmente, saiu do ar porque era muito caro produzir", esclarece.

Mas Sílvio de Abreu não foi o único "padrinho artístico" de Cláudia Raia. Antes disso, ela conheceu e fez amizade com Walter Clark, então produtor da versão brasileira do musical Chorus Line, espetáculo que marcou a estréia de Cláudia no teatro. Na época, Walter disse que Cláudia, então com 17 anos, seria uma das maiores estrelas do país. Ela limitava-se a rir. Hoje, reconhece que não tinha a menor idéia da importância de Walter Clark na história da tevê brasileira. "Nos meus primeiros três anos de carreira, era ele quem assinava meus contratos. Mais do que um tutor, ele foi uma espécie de pai para mim", emociona-se.

Instantâneas

  • Maria Cláudia Motta Raia nasceu em Campinas, interior de São Paulo, no dia 23 de dezembro de 1966. Na adolescência, foi campeã paulista de ginástica olímpica e estudou piano, canto, pintura, jazz e balé.
  • A pedido de Sílvio de Abreu, Cláudia participou também do último capítulo de A Próxima Vítima. "Entrei muda, saí calada e ainda levei um tiro", brinca.
  • Cláudia Raia conheceu Edson Celulari, durante a novela Sassaricando, de 1987. Os dois, porém, só começaram a namorar cinco anos depois, quando fizeram par em Deus nos Acuda, também de Silvio de Abreu.
  • A estréia da atriz no cinema aconteceu em 1989, quando interpretou a voluptuosa Sônia em Kuarup, de Ruy Guerra. Depois disso, fez apenas Boca de Ouro, de Walter Avancini, e Matou a Família e Foi ao Cinema, de Neville D'Almeida.
  • Cláudia Raia é budista há 13 anos. A adesão da atriz à doutrina oriental coincide com o fim de seu casamento com o ator Alexandre Frota, em 1988.

    André Bernardo / TV Press

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