A derrota por 2 a 0 em Ibagué em 2 de fevereiro para o Deportes Tolima, da Colômbia, transformou o ambiente corintiano em um inferno. Fora da Copa Libertadores da América ainda na fase qualificatória, a torcida se revoltou e ainda viu Ronaldo dias depois anunciar o final da brilhante carreira como jogador, o lateral esquerdo Roberto Carlos anunciar sua ida para o futebol russo e o técnico Tite passar a balançar no cargo.
Pior do que isso, o maior objetivo do clube em 2011 havia ido por terra e a crise se instaurou no Parque São Jorge. Mas a instituição alvinegra se reergueu: neste domingo, 305 dias depois, garantiu o pentacampeonato brasileiro, na última e decisiva rodada, com empate por 0 a 0 diante do arquirrival Palmeiras no Estádio do Pacaembu.
O Corinthians pode não contar mais com os pentacampeões Ronaldo e Roberto Carlos em seu elenco, mas mesmo assim investiu bastante e reforçou o time com peças importantes: principalmente o meia Alex, contratado por R$ 14 milhões junto ao russo Lokomotiv, e os polêmicos atacantes Emerson, ex-Fluminense, e Adriano, que vivia um período nebuloso na italiana Roma.
Pouco a pouco o Corinthians foi se recuperando do fracasso da Libertadores: foi vice-campeão paulista (perdeu a final para o Santos) e emplacou uma série arrasadora no início do Brasileiro. Foram nove vitórias e um empate nas dez primeiras partidas, que rascunharam a trajetória do quinto título do clube no campeonato.
Nem mesmo uma fase turbulenta durante o campeonato foi o suficiente para impedir o Corinthians de salvar um ano que começou terrível. Na metade da competição, Tite esteve sob (muito) perigo à frente da competição, o zagueiro e capitão Chicão foi afastado, o time sofreu com uma série de apenas quatro triunfos em 14 jogos e a torcida protestou bastante.
Mas as coisas se reajustaram no Parque São Jorge. Demais. A ponto de Adriano, sob enorme desconfiança, longe da melhor forma física e há muito tempo parado, marcar um gol decisivo no final da partida contra o Atlético-MG. Em casa, sob o risco de perder a liderança do Brasileiro a três rodadas do fim, o camisa 10 saiu do banco de reservas para virar o marcador para 2 a 1 e aproximar o Corinthians do título.
A conquista no Pacaembu significou o quinto título corintiano no Brasileiro - depois de 1990, 1999, 2000 e 2005. Um ano e meio depois de faturar sua última conquista (a Copa do Brasil de 2009), o Corinthians, novamente, tem pela frente o sonho obcecado pela Libertadores. Mas, agora, com um pouco mais de tranquilidade em relação ao ano passado. Tite que o diga.
"Grande clube é assim, a gente traz essa responsabilidade e tem que saber administrar. ‘Tu ganha' um clássico e é endeusado, mas se perde... a emoção fala mais alto. A partir do momento em que se ganha um título, o torcedor olha para o técnico de uma maneira diferente. Dá uma poupança maior”, acredita.
Sócrates
O jogo diante do Palmeiras ainda teve uma emocionante homenagem da torcida corintiana, e também dos atletas, ao ídolo Sócrates, morto na madrugada deste domingo (dia 4), em consequência de uma infecção generalizada. Os jogadores de ambos os times se reuniram no centro do campo antes de a bola rolar para um minuto de silêncio. Durante o ato, os corintianos, em campo e nas arquibancadas, levantaram os punhos, gesto característico de Sócrates ao fazer gols.
Além disso, nas arquibancadas, faixas, bandeiras e camisas lembravam o ídolo.