Quantas vezes Oscar já foi chamado de chorão ou bobalhão? Quantas vezes
você já viu o cestinha em rios de lágrimas na TV, como em Indianápolis-87 ou
Atlanta-96? Pode se chamar isso de raça, emoção, garra, vibração, heroísmo.
No fundo, Oscar é uma criança de 44 anos.
O comportamento do Mão Santa lembra bem um menino que teve o doce
roubado por um outro menino. Foi isso que Oscar sentiu na bagunçada falsa
despedida da última terça-feira, em Ribeirão Preto. Talvez toda aquela
confusão tenha tido pouca importância.
Durante meses, Oscar anunciou que iria deixar o basquete no último
jogo do Flamengo pelo Campeonato Nacional. Após duas derrotas seguidas para
o Ribeirão, ambas por ampla margem no placar, era quase uma certeza que o 21
de maio de 2002 ficaria marcado como o dia do juízo final. Seria o fim.
Não é fácil para um atleta que teve a vida inteira ligada ao esporte
simplesmente, da noite para o dia, largar tudo. Uma virada traumática, que
já afetou muitos esportistas. Como o maior jogador de basquete de todos os
tempos, Michael Jordan, que por duas vezes desistiu da aposentadoria e está
jogando até hoje (não se sabe, ao certo, se jogará amanhã, é verdade).
Muita coisa passou pela cabeça de Oscar naquela fatídica partida. Ele
sempre foi tratado como um garotão, um adulto-criança. Não apenas porque
adora visitar a Disneylandia. É o seu jeito. E assim ele cresceu e venceu,
não apenas no basquete, como na vida.
Por isso, não há surpresa alguma em sua decisão de desistir da
aposentadoria. Ninguém gostaria de terminar a carreira daquela maneira. No
fundo, ninguém gosta de terminar a carreira. Ainda mais quando basta
observar as estatísticas do atual campeonato e ver quem é o cestinha, mesmo
perto de meio século de idade.
Mas nada justifica a atitude de Oscar, ao abandonar a quadra. Isso
não se faz, é coisa de time de pelada, e da segunda divisão da pelada. E se
ele tem algum problema com os juízes, e não é de hoje, que coloque em pratos
limpos.
Foram feitas graves denúncias sobre um suposto esquema envolvendo
árbitros e patrocinadores. Pois bem, está na hora de Oscar dar nome aos
bois, ou vai ser mais um a ser processado por falsa acusação. Como
escreveram alguns internautas que mandaram mensagens: onde estão as provas?
Se Oscar está empenhado numa campanha de moralização do basquete, ele
precisa crescer, deixar de ser uma criança, e ser o primeiro a dar o
exemplo. Apoios não faltaram. Só não pode ficar emburrando de jogo em jogo.
E por falar em internautas, coloco abaixo alguns comentários que
recebi após a partida de terça-feira:
"(...)Ele (Oscar) mais uma vez mostrou ser uma pessoa egoísta! Colocou
nos árbitros a perda de jogos que foram nitidamente na quadra, afinal foram
as únicas partidas com diferenças elásticas nos placares, onde a equipe do
COC se mostrou infinitamente superior.
Mas para mim, o pior de tudo é ele achar que todos estão sempre contra ele, é incrível!!!! Ele sempre é prejudicado, as pessoas sempre fazem falta nele, ele nunca faz falta...
Além disso, ficou claro o quanto é importante para ele ser o cestinha, pois nos
jogos, na maioria das vezes tinham 2 ou até 3 jogadores marcando ele e
devido a isso, algum "companheiro" de time obrigatoriamente deveria estar
livre, mas ele nem se preocupava em olhar, simplesmente forçava a jogada,
errava e aí de quem é a culpa, do juiz claro....
Mas fazer o quê???? Sempre foi assim, no Bandeirantes, no Mackenzie, no Flamengo... O pior são os
atletas que se submetem a isso, pois além de não receberem a bola ainda não
recebem salários... Mas vai ver se o salário dele está atrasado...."
Fabiano Iuquio Mori, São Paulo (SP)
"Oscar é odiado pela arbitragem, simplesmente porque Oscar usa de todos
os recursos para jogar a torcida contra a arbitragem.
Um lance típico que aconteceu no jogo de terça foi o lance em que agarrou o seu marcador e caiu
ao chão, mas o Vinhaes já conhece o truque e deu a sua falta.
Sempre que sobe para o arremesso se joga contra o adversário, e se a arbitragem não dá
a falta faz escândalo, xinga a arbitragem com palavras de baixo calão e
pressiona o tempo todo.
Imagino o desespero de árbitros mais novos quando vão apitar o jogo dele. As cenas que vimos no jogo de terça acontecem em todos os jogos.
Seu Oscar, seu Dedé e seu Miguel da Luz já são conhecidos por nós que somos do basquetebol e devem ser punidos exemplarmente. Se deve mudar o basquete, pode começar parando com esse show de baixaria costumeira."
Atilio Sbrana, Sorocaba (SP)
"Vergonha meus amigos é um colunista de um site respeitado como o do
Terra querer falar coisas deste tipo de um jogador do nível de Oscar, que deve
ser um orgulho para todos nós brasileiros, que vai ser homenageado como um
dos cinco maiores jogadores da história do basquete, o maior cestinha de
toda história do basquete com mais de 45 mil pontos."
Arthur Steiner de Moura
"O último jogo oficial de Oscar foi digno da maneira como ele vinha se
comportando dentro de quadra há muitos anos. Sempre pressionando juízes,
reclamando e inventando absurdas teorias conspiratórias para justificar a
imcompetência de seu time. (como no último jogo contra o Uberlândia no Rio
aonde, pra dizer o mínimo, agrediu verbalmente as pobres mesárias que lá
estavam e lançou ridículas acusações de suborno aos juízes sobre o pivô do
Unit, um modelo de profissional como o Vargas).
Aonde estão as provas? É impressionante como os meios de comunicação no Brasil nunca criticaram essas atitudes de Oscar. Sempre foram tolerantes com o mau exemplo que ele vinha
dando.
Ele foi um grande jogador, um dos motivos pelos quais sou fã e praticante do basquetebol. Mas é muita cara de pau dele.
Assisti ao jogo de ontem (terça-feira) e achei normal. Os jogadores do
Flamengo estavam visivelmente nervosos. O Dedé é o Edmundo do basquete. Extremamente
talentoso, poderia ser titular da seleção. Mas é um cabeça oca. Não é à toa que Hélio Rubens o ignora nas convocações. Sempre se envolve em todas as
confusões possíveis.
Só resta lamentar o fim da carreira de Oscar pelo que ele representou para o Brasil e torcer para que ele seja mais humilde daqui por diante."
Renner Solé, Uberlândia (MG)
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