Domingo, às 11h59, horário de Nova York, termina o
prazo de inscrição no draft da NBA. Pela primeira vez na
história, o Brasil, salvo imprevisto de última hora,
terá dois brasileiros concorrendo por vagas: o pivô
Nenê, forte candidato a ser escolhido ainda na primeira
rodada, e o ala Marcelinho, que entra como azarão.
A situação de Nenê já foi explicada em colunas
anteriores. Resta a ele encontrar o time certo. Mesmo
realizando o sonho de 11 em cada dez jogadores de jogar
no melhor campeonato do mundo, seria muito ruim se fosse
escolhido por alguns times decadentes da liga, como
Golden State, Chicago, Denver, Cleveland, Atlanta ou
Phoenix, que estão entre os 13 primeiros no draft.
Mesmo entre os piores times do último campeonato,
Nenê pode tirar a sorte grande. Já foi relatado o
interesse do Miami Heat, do legendário técnico Pat
Riley. Uma outra boa opção para o brasileiro seria o
Memphis Grizzlies, que este ano foi um dos piores da
temporada. Boa opção? Exatamente.
O Memphis acaba de contratar Jerry West, que é
considerado um dos maiores gerenciadores de equipes de
todos o tempos. Por muitos anos ele comandou o Los
Angeles Lakers. Foi o responsável, entre outras, pelas
negociações que envolveram as aquisições de Shaquille
O'Neal e Kobe Bryant. Espera-se que West, que também foi
um dos maiores jogadores da história, transforme o
Grizzlies da água pro vinho. E milagre é mesmo a sua
especialidade.
Além de Miami e Memphis, Nenê ainda pode torcer
por uma escolha do New York Knicks ou até mesmo do Los
Angeles Clippers, um time que está em ascensão. Sem
contar o Washington Wizards de Michael Jordan.
Um time estruturado daria melhores condições para
a adaptação de Nenê. Do contrário, uma equipe em crise
ou com remotas perspectivas de evolução pode até
arruinar sua promissora entrada na liga.
A situação de Marcelinho é mais complicada. Ele
não aparece em nenhuma das principais relações nos EUA
com os jogadores estrangeiros mais cotados. O ala do
Fluminense, porém, anuncia que tem marcado teste com o
Portland Trail Blazers, equipe que já teve um
brasileiro, o pivô Rolando, que jogou pouquíssimo e teve
o contrato rompido após um mês.
Portland é um bom lugar para se começar na NBA. A
equipe do milionário Paul Allen, um dos fundadores da
Microsoft, tem uma estrutura invejável, que já foi
considerada a melhor entre os 29 times da liga. Boas
condições não faltam, talvez hoje sendo superadas apenas
pela cobiça do Dallas Mavericks e seu também milionário
dono, Mark Cuban.
O Trail Blazers tem apenas três escolhas no draft
(21ª, 43ª e 51ª). A direção da equipe admite que está em
negociações para conseguir pelo menos mais uma escolha,
através da troca do ala Bonzi Wells. Isso, dentro do
projeto de reformulação do time, que foi eliminado nos
três últimos playoffs (incluindo o atual) pelo Los
Angeles Lakers.
Marcelinho não tem a mesma projeção internacional
de Nenê, que encantou olheiros durante a Copa América e
o Goodwill Games de 2002, além de estar participando de
vários programas de treinamento nos EUA, com a ajuda de
um empresário de Cleveland. O que lhe garante a boa
posição entre as projeções feitas. O jogador do Flu
corre ainda o risco de desistir pela segunda vez
consecutiva, como fez no draft do ano passado.
Ao contrário do ex-jogador do Vasco, Marcelinho
provavelmente terá uma única oportunidade na escolha,
que pode mesmo ser o Portland. E se o time ganhar uma
opção a mais, então pode começar a sonhar alto.
Duncan MVP?
Não que a escolha seja injusta (segundo divulgou a
ESPN). Tim Duncan está na elite da elite da NBA. Mas não
premiar Jason Kidd como o melhor jogador da temporada só
pode ser brincadeira.
Será, acima de tudo, um golpe, do qual o mesmo Tim
Duncan foi vítima em 1999. Naquela meia-temporada,
prejudicada pela greve patronal, "Dream" Duncan já
arrebentava e merecia o título. Mas a NBA premiou Karl
Malone. A resposta viria semanas depois, com a conquista
do título pelo Spurs contra o New York Knicks.
Desta vez, tudo indica que se caminha para o mesmo
pecado. Jason Kidd fez do New Jersey Nets, um timinho
que ninguém dava valor, um dos principais candidatos ao
título deste ano. Uma transformação feita por um homem
só. Por mais que Duncan esteja jogando, e jogando muito,
ele tem toda uma estrutura que, apesar de ter sofrido
mudanças, se mantém desde o título de três anos atrás.
Kidd carrega o Nets nas costas, mas agora há pouco
o que fazer. Os votos (de jornalistas norte-americanos)
já foram computados, e o resultado sai nesta quinta-
feira. Se a ESPN estiver certa, será uma pena.