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Fernando Santos
Terça-feira, 23 Abril de 2002, 22h14
terraesportes@terra.com.br

O Vasco argentino


Time desfigurado, salários atrasados, abandono. Nada disso tem sido, até agora, capaz de impedir o Vasco de conquistar um título histórico: o de campeão invicto da Liga Sul-Americana. E nem mesmo uma desvantagem que chegou a 11 pontos intimidou a equipe, que venceu nesta terça-feira o Libertad Sunchales, da Argentina, no primeiro jogo da série melhor de três da decisão, num dramático 78 a 77. Diante de tantas dificuldades, só há uma explicação: o time carioca aprendeu o espírito argentino.

Sim, porque hoje em dia é a vez de o Brasil aprender com os argentinos. E o técnico do Vasco, Hélio Rubens, sabe muito bem o que isso significa. Afinal, no ano passado a seleção brasileira perdeu todos os confrontos com os argentinos, que roubaram o status de principal força sul-americana e são, até mesmo, fortes candidatos a uma medalha no Mundial de Indianápolis, em agosto.

Isso pode explicar a incrível reação vascaína nesta primeira partida da final. Mesmo jogando em "casa", no ginásio emprestado pelo Tijuca, o Vasco demorou a acordar. O Libertad, talvez motivado não só pela boa fase do basquete argentino, mas para demonstrar superação diante da crise econômica do país, impôs seu jogo e abriu vantagem.

É claro que no basquete de hoje uma diferença em torno de dez pontos, ainda mais no primeiro tempo, não intimida ninguém. Mas em se tratando de uma final e de um adversário argentino, era algo para se temer. Mas o Vasco soube se superar, no melhor estilo Hélio Rubens: melhorando a defesa e fazendo as jogadas certas no ataque, sem precipitações nem atos de desespero.

Aos poucos, o Vasco diminuiu a vantagem e chegou a reverter a diferença, abrindo 13 pontos no último período. O esforço foi tremendo e acabou reduzindo as forças da equipe, que por pouco não deixou escapar a vitória. Dois arremessos de lances livres de Helinho, a dois segundos do final, deram quatro pontos de frente e a garantia da vitória. E os argentinos ainda diminuíram com uma cesta de três que serviu muito mais como um recado: não estamos mortos.

Falar em raça numa decisão pode parecer óbvio demais. Mas no caso do Vasco significa o verdadeiro espírito de um time que sobrevive apesar de todos os problemas. A cada temporada, a cada campeonato, mais e mais jogadores saem para ao menos ter a garantia do salário em dia. Ou, como Nenê, arriscam uma aventura na América em busca de um lugar na cobiçada NBA.

Contra tantos obstáculos, Hélio Rubens consegue manter um time competitivo e com um coração acima, muito acima do normal. E, agora, com um novo tempero: o espírito argentino.

Vale registrar que o Vasco está a duas vitórias de se tornar o primeiro campeão invicto da Liga Sul-Americana. Venceu todas as oito partidas disputadas, incluindo esta primeira da decisão. Até agora, a melhor campanha, como mostrou a "Folha de S.Paulo" desta terça-feira, pertence ao Atenas, com 12 vitórias e apenas uma derrota, em 1998. E o time é... argentino! Vale também lembrar que o próprio Vasco, em 1999, e o também argentino Olimpia, em 1996, também sofreram apenas uma derrota, mas com menor número de vitórias (sete e 11, respectivamente).

Outra nota importante é que, mais uma vez, o campeão da Liga Sul-Americana não deve ter o privilégio de participar do torneio McDonald's, que conta com o atual campeão da NBA. A liga norte-americana já divulgou que não fará nenhuma partida de pré-temporada fora da América do Norte, ainda como reflexo dos atentados terroristas de 11 de setembro. A última edição do torneio, em 1999, foi histórica para o basquete brasileiro, com o Vasco chegando à final contra o San Antonio Spurs, com Tim Duncan e David Robinson. O resultado, bem, isso, naquela altura, era o que menos importava...

 

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