Jornal cita "apreensão e apatia" em pré-Copa no Brasil
Faltando apenas três dias para o início da Copa do Mundo, o Brasil começa a se tornar cada vez mais o centro das atenções. Porém, ao invés do assunto principal ser a competição em si, a mídia internacional destaca os confrontos entre população e polícia durante os vários protestos, greves e manifestações que o País vive.
O The New York Times, um dos jornais mais respeitados do mundo, destacou nessa segunda-feira a situação tensa entre polícia, governo e manifestantes no País. Os americanos dizem que ao invés de estar aproveitando um dos eventos mais importantes do mundo esportivo, a população está dividida. A principal matéria do site é intitulada como "apreensão e apatia competem com excitação no Brasil".
A publicação destaca que a cidade de São Paulo que vive problemas com a greve dos metroviários. "Em São Paulo, onde será o jogo de abertura entre Brasil e Croácia, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar grevistas de metrô", ressaltou o jornal. Ainda sobre a greve, a imprensa americana diz que o fato prejudicou milhões de passageiros antes do amistoso entre Brasil e Sérvia, e que os policiais dispersaram os grevistas batendo-lhes com cacetetes e que as cenas foram gravadas por celulares e espalhadas através das redes sociais.
O The New York Times também recorda as recentes declarações de Ronaldo e Romário, dizendo que os craques expressam "vergonha e desgosto" sobre os preparativos conturbados que o Brasil passou para sediar a Copa do Mundo.
Na matéria, os americanos ainda citam uma pesquisa, que aponta que 34% dos brasileiros acham que a competição vai ajudar a economia no País, enquanto 39% acreditam que a realização do Mundial irá arranhar a imagem do Brasil.
Além da pesquisa, os americanos dão outros exemplos de como o País está dividido: enquanto a Seleção Brasileira é recebido calorosamente em muitos lugares, os professores, que também adotaram as greves, cantavam: "um educador vale mais do que Neymar".
A publição também ressalta uma contradição em Manaus. "Mais de 100 mil pessoas comemoraram quando a cidade foi escolhida como uma das sedes do Mundial, mas agora o sentimento mudou. 'Por que uma cidade como Manaus precisa de um estádio caro e luxuoso, quando a poucos metros há um bairro, sem calçadas e esgoto tratado?'", perguntou Milton Hatoum, escritor manauara entrevistado pelos americanos.
Para finalizar, a publicação diz que "para alívio das autoridades que afirmam que o Brasil fará um grande show, apesar de alguns aeroportos e sistemas de transportes não estarem totalmente prontos, as ruas estão, finalmente, sendo efeitadas com fitas verde e amarelas e entrando no clima da Copa do Mundo".