Abebe Bikila

Adhemar Ferreira da Silva

Alain Prost

Ayrton Senna

Babe Ruth

Bjorn Borg

Cy Young

Diego Armando Maradona

Eddy Merckx

Éder Jofre

Franz Beckenbauer

Janet Evans

Jesse Owens

Jim Thorpe

Joe DiMaggio

Joe Montana

Juan Manuel Fangio

Julio César Chávez

Julius Erving

Klaus Dibiasi

Maria Esther Bueno

Mark Spitz

Martina Navratilova

Michael Jordan

Miguel Indurain

Muhammad Ali

Nadia Comaneci

Niki Lauda

Oscar

Pelé

Sergei Bubka

Steffi Graf

Teófilo Stevenson

Wayne Gretzky

Wilt Chamberlain


Atletismo: Abebe Bikila

Com suas duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos, o etíope Abebe Bikila é considerado o maior maratonista de todos os tempos.

Abebe Bikila não pôde ganhar a sua terceira medalha de ouro na maratona olímpica do México 68, mas colaborou muito para que um compatriota seu mantivesse o domínio Etíope na história da prova. Poucos sabiam que o bicampeão olímpico tentou sua terceira medalha de ouro com uma fissura na perna direita, que se complicou com problemas de rigidez e circulação. Sem dúvida, os aspirantes à medalha de ouro o tinham como favorito quando um astuto Mamo Wolde, começou a tomar a frente.

Bikila abandonaria no quilômetro 17, quando era seguido por corredores que buscavam a vitória. Foi direto para a ambulância e assim terminou sua terceira participação olímpica do maior maratonista que até agora já se viu.

Correr para comer

Membro de uma pobre e numerosa família camponesa do sul da Etiópia, Bikila se alistou no exárcito quando tinha 17 anos de idade; uma saída fácil para seu sustento diário. Os integrantes da Guarda Imperial, tinham fama de resistentes, mas Bikila só tinha corrido esporadicamente e como forma de sobrevivência.

O destino o pôs nas mão do talentoso treinador sueco Onni Niskanen, que soube ter a paciência e sensibilidade para transformar um diamante bruto em uma jóia preciosa. Na base de novos treinamentos, fortalecidos com banhos de sauna, exercícios de basquete e grandes corridas em estradas, o estilo de Bikila se transformou numa máquina perfeita de devorar quilômetros.

Mais rápido

Uma eminência do treinamento esportivo, Niskanen, não se opôs de imediato ao gosto de Bikila em correr sem sapatos. O treinador optou por estudar os tempos de seu atleta, correndo de tênis e sem eles, e comprovou que efetivamente Bikila era mais rápido descalço. Este foi um fato que assombrou o mundo; um atleta do continente mais pobre do mundo em plena descolonizarão, ganhava descalço a maratona olímpica de Roma, em1960.

Ele não só ganhou o ouro, mas também causou o maior alvoroço melhorando em quase oito minutos o recorde olímpico, deixando-o em 2 horas, 15 minutos e 16 segundos. Para terminar de surpreender o mundo, soube-se que Bikila perdeu somente 350 gramas de peso na exigente corrida, muito abaixo da media de 4 quilos que costumavam perder os maratonistas da época.

O Herói Em 1935, Benito Mussolini e suas tropas fascistas saíram do famoso arco de Constantino, em Roma, para conquistar Addis-Abeba, a capital da Etiópia. Mas as coisa da vida quiseram que o atleta africano ganhasse em Roma, perto de onde Mussolini tinha partido para a conquista da Etiópia. Por isso, a façanha do corredor transcende o terreno esportivo e entra no mais puro Nacionalismo etíope.

Quando voltou de Roma, Bikila foi recebido como herói pelo Rei dos Reis em sua pátria em troca de sua medalha ouro recebeu um anel de diamantes.

Dupla dificuldade

Nos meses que antecederam a Olimpíada de Tóquio (64), Bikila foi acusado de fazer parte de um complô militar. Esta suspeita, valeu para deixá-lo preso por meses, bem próximo aos jogos Olímpicos. Como se fosse pouco, uma grave apendicite atacou Bikila, que teve que ser operado um mês antes de sua saída para a maratona de Tóquio.

Com seu estilo, então convertido em arte e refinado com tênis, Bikila repete a vitória e reafirma a constância de seu potencial: 2 horas, 12 minutos e 11 segundos, uma velocidade recorde de 19.152 quilômetros por hora, algo antes nunca visto.

Da glória ao inferno

Em março de 1969 a grandeza esportiva de Bikila foi apagada cruelmente por um acidente automobilístico. Durante oito meses ficou internado num hospital em Londres, de onde saiu paralítico numa cadeira de rodas.

Uma multidão ferida e chorosa o recebeu quando regressou a Addis-Abeba. A multidão que muitas vezes o aclamou não se acostumava a vê-lo nessa condições. Assim, doente com suas pernas "mortas" e um triste sorriso, Abebe Bikila, o melhor maratonista do mundo, o primeiro ídolo da África, terminava seu ciclo na terra. Uma hemorragia cerebral acabou com a sua vida em 23 de outubro de 1973, aos 41 anos.


Juan Ramón Piña/El Norte

versão Patrícia Fook