Rio - O ex-árbitro da Fifa Cláudio Vinícius Cerdeira afirmou nesta sexta-feira, em entrevista à Rádio Brasil do Rio de Janeiro, que o árbitro Alfredo dos Santos Loebeling cometeu um grande erro ao ceder a pressões para não escrever a verdade na súmula do jogo entre Figueirense-SC e Caxias-RS no ano passado, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

A torcida catarinense invadiu o gramado antes do fim do jogo mas, pressionado, Loebeling escreveu na súmula que a partida já tinha terminado antes da invasão. “O Loebeling cometeu um erro grande porque o árbitro tem que relatar a verdade na súmula mesmo sendo pressionado. Todo árbitro, pelo menos uma vez na vida, já sofreu algum tipo de pressão. Até arma já me mostraram. Quando iniciei minha carreira dei cartão amarelo a um jogador de nome. Como era o terceiro ele estava suspenso da outra partida. Me alertaram que se eu não colocasse na súmula o cartão para outro jogador eu não apitaria mais. Agradeci muito o aviso mas não mudei a súmula. O problema é que você não pode ter cabeça fraca, senão cede à pressão”, afirmou Cerdeira.

Mas Cerdeira fez questão de deixar bem claro que o presidente afastado da Comissão Nacional de Árbitros, Armando Marques, também tem culpa se pressionou Loebeling. Cerdeira se disse chocado com a situação. “O Loebeling errou, mas se realmente o Armando pressionou o árbitro ele errou também. Realmente recebi esta notícia com muita tristeza, surpreso. Estou chocado. É triste para a instituição arbitragem que um árbitro diga que o jogo já acabou, quando é público e notório que ele não tinha acabado. E para piorar um ícone da arbitragem, como é o Armando Marques, tem seu nome envolvido nisso aí”, afirmou Cerdeira.

Cerdeira acredita que o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luiz Zveiter, acertou ao dizer que vai investigar a quem interessava que o árbitro não prejudicasse o Figueirense na súmula, pois no seu entender Armando também foi pressionado. “Não vejo como o Armando possa ter interesse em ajudar o Figueirense. Ele pode ter sofrido algum tipo de pressão de um dirigente da CBF ou da federação catarinense. Mas6 não vou ser leviano de acusar alguém sem provas”, afirmou Cerdeira.

Perguntado se aceitaria substituir Armando na Comissão Nacional de Árbitros, Cerdeira disse que dificilmente o convite vai aparecer uma vez que seu desafeto, Eduardo Viana, presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), tem muita influência na CBF e vetaria seu nome.

L!Sportpress