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França garante que não é pipoqueiro
Quinta-feira, 07 Dezembro de 2000, 02h44

São Paulo - Um torcedor anônimo, com boné enfiado quase até os olhos assistia angustiado ao seu São Paulo pressionar inutilmente o Palmeiras na segunda partida decisiva da Copa João Havelange. O “geraldino” sofreu com o gol de Tuta e a cada gol perdido sonhava estar dentro de campo. Lamentou a expulsão de Maldonado, comemorou o gol de Marcelo Ramos – ele queria bater aquele pênalti – e deixou as arquibancadas após o segundo gol do Palmeiras.

Ao contrário de milhões, aquele são-paulino, se estivesse mesmo em campo, poderia ter ajudado o seu time. Françoaldo Sena de Souza, o França, não é comum. Maior ídolo do São Paulo nos últimos três anos – exceção ao mito Raí –, agora é tratado como bandido. Para a torcida, ele se recusou a jogar aquela partida, “pipocou, amarelou”, como se diz em toda a cidade.

França, triste como nunca, desabafa ao Jornal da Tarde. Ele garante que fez todo o tratamento prescrito pelos médicos, se esforçou para jogar, mas foi vetado. Diz que já jogou machucado e promete fazer de suas férias uma arma para voltar a ser ídolo. Vai ficar em Manaus, “só com os macacos”, buscando força interior para reagir. “Hoje, sou um homem sofrido, mas sei do meu valor. A torcida vai me vaiar em 2001, mas só no começo. Vou dar a volta por cima. Sempre fui um lutador, vou vencer de novo”, desabafa o jogador.

Você é pipoqueiro?

França – Não sou, nunca fui e é só isso que escuto. Diretamente, não, mas mandam recado, dizendo que fiquei com medo de jogar contra o Palmeiras. Nunca tive medo de nada, sempre lutei para ter sucesso, só não joguei porque não dava mesmo. Se fosse pipoqueiro, voltava para Manaus e ficava no colo da minha mãe. Só que ela não iria aceitar. Ela sempre quis que eu fosse um lutador.

Por que você não jogou então?

As dores eram muito fortes. Fiz o teste com os médicos no dia do jogo, naquele campinho menor de treinamentos. Fiz junto com o Carlos Miguel. Estava bem em todos os fundamentos, mas sem arrancada nenhuma. Sentia muita dor na coxa direita. Começou no jogo contra o Vasco. Fui para cima do Mauro Galvão e toquei para o Beto. Corri e senti o músculo estourar. Bem, fiz o teste e estava 50%. O Levir queria jogadores 100% ou 110% e então não joguei.

Muita gente joga com dores, faz uma infiltração...

Mas isso é para tornozelo, não é? Em músculo da coxa, nunca ouvi falar. E os médicos não me propuseram isso de injeção. Se tivessem falado e se não tivesse problema de doping, eu tomava a injeção e jogava. Mas se eles não falaram nada é porque isso não poderia ser feito, talvez fizesse mal para mim, os médicos são responsáveis...

Como você sente essas cobranças?

São muito injustas, mas a torcida tem uma certa razão. Fui o principal jogador dessa temporada, ou melhor, das três últimas temporadas e ninguém queria que eu ficasse fora de um jogo daquelas proporções. Só que eu também não queria e parece que ninguém entende isso.

Você poderia ter ajudado o São Paulo?

Acho difícil. Sem arrancada, como eu iria jogar? A torcida que está com raiva agora, iria ter ódio de mim. É uma situação difícil. Eu já joguei muitas vezes machucado no São Paulo. Não queria prejudicar o time e eu é que sairia prejudicado. A contusão ia demorar mais para sarar.

Como você está se sentindo agora?

Estou com a consciência tranqüila e ao mesmo tempo arrasado. Estou muito triste mesmo. Meu primeiro semestre foi maravilhoso, fiz 31 gols, marquei um gol em Wembley e no segundo, só marquei 11. Era um ídolo e agora sou tão criticado. Mas serviu para que eu ganhasse experiência e maturidade, conheci o lado ruim da vida. Minha noiva, a Daniela, esteve sempre comigo, me deu uma força. O meu salário é o mesmo do primeiro semestre, só que virei mercenário e pipoqueiro. Ah, falam também que eu machuco me à toa. Só porque sou um jogador importante. Se um garoto dos juniores machucar igual, não falam nada.

E as férias?

Pois é, falaram que eu iria para o Taiti com a minha noiva. Mentira. Uma viagem dessas custa R$ 60 mil e nem tenho essa grana. E o que a torcida iria falar de mim, curtindo a vida no Taiti depois de perdermos um título. Vou para Manaus, ver meus amigos, retomar minhas origens. Depois de uma semana, vou com minha mãe, meu pai e a minha noiva para uma chácara no interior do Amazonas. Quero recuperar minha paz. Vou ficar só eu, essa turma e os macacos.

Fazendo o quê?

Vou me preparar para 2001. Vou voltar com tudo. No primeiro jogo, a torcida vai me vaiar, ainda vai me culpar por essa derrota contra o Palmeiras, mas eu vou responder no campo. Eu sei jogar bola, tenho confiança em mim, sei do meu valor. Consegui chegar nos 113 gols no São Paulo, empatei com o Pedro Rocha. Quero alcançar o Raí, parece que faltam uns 19 gols. Quero ir me recuperando, fazer gols e jogar contra o Equador em março, pela Seleção. Vou voltar a ser o França.

Jornal da Tarde


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