Londres - O Campeonato Mundial de Xadrez, que terminou com a vitória do desafiante russo Vladimir Kramnik, em Londres, deixou muitas dúvidas na comunidade internacional do esporte. O principal é descobrir a razão que levou o também russo Garry Kasparov, número um do mundo desde 1985, a jogar tão mal.

Kasparov não foi capaz de vencer nenhuma das 15 partidas disputadas, o que constitui um verdadeiro recorde negativo. A surpresa é maior ainda porque o ex-campeão venceu vários torneios importantes este ano, demonstrando estar em boa forma.

No Mundial, Kasparov tomou atitudes totalmente contrárias ao seu histórico. Na 7ª e na 13ª partidas do match, por exemplo, ele jogou pelo empate em poucos lances, tática nunca usada. Ele traiu a sua personalidade aguerrida e agressiva que nunca dava um jogo por perdido.

Kasparov admitiu que alguma coisa estava errada em seu desempenho e prometeu revelar o problema após a competição, que termina oficialmente neste sábado, com a disputa da 16ª e última partida, que será realizada apenas para cumprir a programação, já que Kramnik assegurou vantagem de 8,5 contra 6,5 pontos.

Kramnik, ao contrário do adversário, manteve o seu estilo cauteloso de jogar, com muitos empates na carreira. Antes do início do torneio, ele fez questão de dizer que a diferença entre o número um e o dois do mundo "não era tão grande".

Kramnik passou o último verão do hemisfério norte na cidade espanhola de Menorca, com seu analista e preparador Miguel Illescas. Ele recebeu ainda a assessoria do psicólogo esportivo russo Valeri Krilov. Antes do início do Mundial, contratou outros dois analistas: o francês Joel Lautier e o russo Eugeni Bareev.

Vladimir Kramnik, filho de uma professora de música e de um escultor, tem 1,96 m, 25 anos e é uma pessoa tranqüila no trato pessoal. O seu estilo lembra o do ex-campeão Anatoli Karpov.

Agência Estado