São Paulo - O atacante Tuta, do Palmeiras, é a favor da limpeza no futebol e da instalação da CPI para investigar dirigentes, técnicos e contratos. Ele não é apenas mais a dar a opinião, mas uma pessoa que já viveu uma situação dramática por causa de um escândalo no esporte.

Praticamente encerrou sua carreira no futebol italiano por causa de um gol que marcou contra o Bari, atuando pelo Venezia, no início de 99. Na ocasião, as duas diretorias teriam combinado que a partida terminaria empatada para que as duas equipes se livrassem do rebaixamento. O gol que fez mudou o resultado e gerou uma grande confusão.

"Acho que esse tipo de coisa não acontece no Brasil, mas, quando joguei no exterior, fiquei sabendo que existe armação de resultados", comentou o atleta.

"Sou favorável à abertura da CPI para investigar tudo, mas acho que os caras estão fazendo do Wanderley Luxemburgo o bode expiatório da história."

Tuta garante que não guardou nenhum trauma do episódio que o envolveu na Itália, mas evita falar do assunto. Na época, foi muito assediado pela imprensa italiana e quase apanhou dos jogadores do Bari, que não esperavam que ele marcasse o gol.

A temporada 98-99 do Campeonato Italiano estava chegando ao fim e Venezia e Bari estavam próximos do rebaixamento para a Segunda Divisão. As duas equipes iriam se enfrentar e um empate seria um um bom resultado para ambas. Os dirigentes dos dois clubes teriam combinado que a partida terminaria em igualdade. O placar do jogo era 1 a 1, conforme o previsto, e faltavam alguns minutos para o fim. O lateral Volpe, do Venezia, cruzou a bola para Tuta, que não teve dúvidas: cabeceou forte e fez o gol da vitória de seu time. Ele e o também brasileiro Fábio Bilica, zagueiro, correram para comemorar.

A comemoração, contudo, quase acabou em pancadaria. Os jogadores do Bari partiram para cima de Tuta, irritados com o gol que estava fora do ´script´. "Eles ficaram muito bravos", contou. Na realidade, os dirigentes se esqueceram de avisar Tuta e Bilica que o resultado já estava armado.

Após a partida, a Federação Italiana investigou o caso e Tuta foi obrigado a depor. Pressionado, negou tudo. O escândalo acabou em ´pizza´, mas os atletas que disputaram a partida admitem que houve armação.

"O Tuta e eu não sabíamos de nada e quase apanhamos", afirmou Bilica. "Esse caso foi muito falado na Itália e não há muito o que esconder, porque se tornou público", completou o zagueiro.

Segundo Tuta, casos, como este, que costumam ocorrer no futebol europeu, mostram que o Brasil não é o único país a ter problemas de irregularidade no esporte. Mesmo assim, acredita ser importante para o esporte a instauração da CPI.

Agência Estado