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Petrobrás vai tentar convencer a ANP de que produz diesel renovável

Petroleira, apoiada pelo Ministério da Economia, quer que agência altere texto de regulamentação para classificar como diesel verde novo produto desenvolvido em sua refinaria no Paraná

17 set 2020 - 09h12
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RIO - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai reunir agentes de mercado de peso nesta quinta-feira, 17, para debater uma nova regulamentação que está mobilizando o setor de combustíveis, a do diesel verde, um produto menos poluente que o fabricado a partir do petróleo. De um lado está a Petrobrás, apoiada pelo Ministério da Economia, grandes distribuidoras, como a BR, e donos de postos de gasolina. Do outro, a própria agência reguladora e produtores de biodiesel.

A Petrobrás reivindica a mudança do texto original da regulamentação do diesel verde, que ainda está sendo preparada. Ela quer que um novo produto testado em sua refinaria do Paraná, a Repar, seja classificado como diesel verde e autorizado a substituir parte do biodiesel hoje misturado ao óleo diesel vendido nos postos.

Mas, como a maior parcela do novo diesel da Petrobrás é de origem fóssil, a agência entende que o produto não pode ser classificado como um biocombustível. Para a reguladora, para ser renovável, o combustível da petroleira não poderia ter petróleo na sua composição.

A estatal alega, no entanto, que além de ser menos poluente que o biodesel vegetal, o reconhecimento de que o seu combustível é renovável deixaria o mercado mais competitivo e ajudaria a baixar o preço para o consumidor final. Diz também que não cabe à reguladora reservar mercado para os produtores de biodiesel. A tese é apoiada pelo Ministério da Economia, que também apresentou contribuição à audiência da ANP.

"Ele (o novo diesel) é mais vantajoso que o biodiesel ester (biodiesel vegetal) pois permite maior descarbonização (cerca de 15 % melhor) para um mesmo óleo vegetal. Adicionalmente, permite a redução de poluentes regulados (material particulado e óxidos de nitrogênio) e a inserção de novas tecnologias veiculares no País", afirmou a empresa ao Estadão/Broadcast por meio de sua assessoria de imprensa.

Hoje, em cada litro de óleo diesel consumido nos postos de gasolina, 88% são produzidos a partir do petróleo. O restante é biodiesel, de base agrícola. O que a Petrobrás quer é que além de todo óleo diesel já vendido por ela, passe a fornecer também os 5% de biodiesel, deixando para os demais fornecedores os 7% restantes. Isso porque apenas 5% do seu novo diesel são renováveis.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) alegou à ANP que o produto da estatal não pode ser considerado "verde", porque "parte importante de sua composição é oriunda de base fóssil".

Estadão
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