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Operações Empresariais

Brasil tem superávit na balança comercial após ano negativo

31 dez 2013 - 07h32
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A segunda semana de dezembro foi importante para a recuperação da balança comercial do País, que apresentou quadro deficitário no primeiro semestre de 2013, quando o saldo negativo foi de US$3,1 bilhões. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o valor das exportações do Brasil superou o das importações na segunda semana de dezembro, levando a um superávit de US$383 milhões.

Durante o ano, a balança comercial totalizou US$230,416 bilhões em exportações e US$230,401 em importações. Agora, o saldo é positivo: US$15 milhões. Os dados do governo mostram que isso se deve, principalmente, à retração nas exportações de produtos básicos (como algodão em bruto, café em grão e minério de ferro), semimanufaturados (açúcar em bruto e ouro) e manufaturados (como óleos combustíveis, açúcar refinado e autopeças). Em comparação ao mesmo período do ano passado, a primeira metade de dezembro registrou -8% na exportação destes três tipos de produtos, com -15,6% nos básicos, -2,2% nos semimanufaturados e -1,7% nos manufaturados.

Déficit latente

Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Érico Lins Leite, a desvalorização do real, o aumento da dívida cambial, e a ausência de política industrial e de comércio exterior aliadas à crise na Argentina, maior importador de produtos brasileiros, levaram à maioria dos resultados negativos na balança comercial em 2013. “Importa-se de tudo em termos de bens de consumo duráveis e não duráveis e muito pouco em termos de bens de capital (investimento). Acabamos nos tornando meros montadores de componentes (partes e peças) importados e canais de distribuição”, afirma.

Leite destaca que a balança comercial negativa é um reflexo de antigas políticas do governo, desde a gestão Collor. Não incentivar a exportação, realizar aberturas comerciais unilaterais, derrubar barreiras alfandegárias e reduzir os impostos de importados são algumas. Ao permitir toda e qualquer importação, os produtos de fora concorrem com os nacionais para controlar a inflação. Os governos seguintes, segundo Leite, seguiram com esta política de abertura comercial. “Isso vem refletindo há bastante tempo. Não se tornava tão aparente e não existia o déficit na balança comercial porque ele era encoberto pelas exportações de produtos de baixo valor agregado, como os commodities - soja e complexo de cacau, por exemplo”. Assim, o aumento do preço desses produtos no mercado internacional encobria um déficit latente no saldo comercial do Brasil que agora é visível, de acordo com o professor.

2014

Leite não acredita em melhorias significativas na balança comercial do Brasil para o próximo ano. A demanda e o incentivo ao consumo seguirão altos - e o mesmo ocorre com os produtos importados. Em comparação com dezembro de 2012, neste mês o Brasil gastou mais com produtos farmacêuticos (+31,4%), siderúrgicos (+28,9%) e aparelhos eletroeletrônicos (+27,1%) e a média de importação diária aumentou 2,6%, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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