Alguns pequenos empresários argentinos encontraram alguém além do governo para culpar pela estagnada economia do país: eles mesmos. "É nossa culpa que a Argentina ficou para trás. Nós não fomos capazes de fazer as mudanças necessárias para competir em um mercado aberto, com novas regras", disse Guillermo Riman, dono de uma pequena metalúrgica em Buenos Aires. Em uma história típica, Riman foi obrigado a demitir um terço de seus 20 empregados no ano passado, porque, simplesmente, ninguém está comprando seus produtos. Este ano foi tão ruim para a Argentina que o governo teve que recentemente apelar para um pacote financeiro de ajuda orçado em US$ 39,7 bilhões e bancado pelo Fundo Monetário Internacional e outros credores, apenas para garantir que os investidores paguem seu débito. "Se estou bravo com o governo? Claro! Mas nós do setor empresarial também somos culpados, porque somos a economia", disse Riman.
De fato, quando as pessoas discutem a economia argentina, estão na verdade falando sobre suas pequenas empresas com menos de 100 funcionários, que empregam 96 por cento da mão-de-obra argentina, de 23 milhões de trabalhadores. E depois de atravessar mais de dois longos anos de recessão e estagnação econômica, as pequenas lojas familiares e as modestas fábricas argentinas estão em busca de uma solução, tentando descobrir o que exatamente deu errado.
Analistas dizem que parte do problema da Argentina - além da corrupção - é a mentalidade, e que pequenas empresas vão crescer novamente uma vez que se convençam que vale a pena investir no futuro. E a cultura enraizada dos negócios - antieficiência e anticompetitiva - também precisa mudar, segundo empresários, analistas e consumidores.