A tinta ainda nem secou nos documentos do processo de fusão de bancos de investimentos e Wall Street já está pronta para mais um ano de uniões. Casamentos nos serviços financeiros nem sempre deram certo, mas aqueles que defendem a consolidação das instituições dizem que as firmas precisam se expandir para competir em nível global. Embora a procura por Bolsas de Valores pareça perder fôlego após dez anos de ritmo crescente, grandes operadores buscam maneiras de se tornarem ainda maiores, ao mesmo tempo eliminando custos e aumentando sua eficiência.
O número de grandes grupos no mercado financeiro está diminuindo. Nomes famosos de Wall Street como J.P. Morgan, PaineWebber e DLJ concordaram em serem adquiridos por companhias maiores. Isso gerou especulação de que outros seguirão o exemplo, entre eles Bear Stearns, Lehman Bros, Goldman Sachs, Morgan Stanley Dean Witter e Merrill Lynch.
O dinheiro tem o seu papel nesse processo. Vendedores receberam grandes prêmios por suas empresas, e altos executivos embolsaram dezenas de milhões de dólares. "No final, quando você consegue que um desse negociadores junte-se a você, você tem de pagar a eles uma tonelada de dinheiro", disse Roy Smith, professor de finanças da New York University.
Fusões na indústria financeira, independentemente de suas justificativas, acabam trazendo despesas imediatas – e não economia em gastos –, resultantes da necessidade de segurar os bons funcionários da empresa adquirida.
Os executivos de bancos de investimentos e negociadores de ações são os bens mais valiosos das empresas de Wall Street. Numa fusão, em geral, eles correm para a porta de saída, a não ser que sejam bem recompensados. As companhias destinam verbas especiais para manter os funcionários, o que acaba elevando os gastos da fusão.
O banco suíço UBS, por exemplo, está gastando cerca de US$ 1 bilhão para manter os executivos mais capacitados da PaineWebber, quarta maior corretora de valores dos Estados Unidos, comprada por uma unidade do UBS este ano. Até o momento, valeu a pena: o grupo perdeu apenas 2% dos funcionários.
A maioria das instituições que ainda não entraram no processo de fusões afirma que continuará independente. As empresas que "se venderam" dizem que os clientes procuram agora serviços financeiros integrados, capazes de negociar ações ou aconselhar empresas em fusões, entre outras coisas.
Há, porém, muitas histórias de negócios fracassados no ramo. O exemplo do sucesso usado no mercado e o Citigroup, cujas operações se dão em um amplo leque de atividades financeiras. "De certa forma, eles estão apostando no jóquei, que é o executivo-chefe Sandy Weill, capaz de fazer dinheiro em tudo em que põe a mão", disse o professor Smith. Segundo ele, Weill corta despesas de forma agressiva nas empresas que compra, e, em geral, as adquire por preços irrisórios.
Mas nem todo mundo sonha em seguir o exemplo do Citigroup. Os grupos ainda independentes, principalmente Merrill Lynch, Morgan Stanley e Goldman Sachs, seguem figurando entre os principais bancos de investimento, e estão entre as companhias mais lucrativas do mundo.