A Fipe estima uma redução de aproximadamente 1 ponto porcentual na inflação do próximo ano em relação a deste ano por conta de um reajuste menor das tarifas públicas. Na avaliação da instituição, o IPC deve registrar uma variação de 3,5% em 2001, contra 4,6% este ano. De acordo com o coordenador da pesquisa de preços, Heron do Carmo, os aumentos dos serviços de telefonia e energia elétrica, que refletem a inflação passada, irão subir cerca de 6% contra uma média de 13% este ano. Além disso, não são esperados novos reajustes da gasolina porque os preços do petróleo no mercado internacional devem começar a refluir a partir de janeiro.Em São Paulo, as previsões dependem de um eventual reajustes dos ônibus urbanos que não sobem desde janeiro do ano passado. Na época, a correção foi de 15%, o que significa, conforme destacou Heron, a inflação acumulada nos dois anos seguintes: 8% em 1999 e 5% este ano.
As estimativas para 2001 são bastante plausíveis, na opinião do economista, caso se considere o comportamento dos preços este ano. Se foram descontadas as variações dos itens voláteis, a inflação média - ou o núcleo da inflação - manteve-se estável durante todo o ano, oscilando entre 0,20% e 0 30%.
Ele espera também um fortalecimento da demanda em 2001, causado pelo segundo ano consecutivo de crescimento, porém sem possibilidade de pressão inflacionária. A melhora do rendimento dos trabalhadores e a redução dos juros (se ocorrer) devem ser acompanhadas pelo aumento da oferta de produtos.
O incremento das exportações de manufaturados vai possibilitar o aumento da escala de produção das indústrias, com redução dos custos e manutenção dos preços. Ele não prevê também pressões por parte dos serviços, dada a grande disponibilidade de profissionais qualificados no mercado de trabalho, depois das dispensas em massa feitas pelas empresas nos últimos anos.
Os consumidores finais devem ainda continuar se favorecendo dos ganhos de produtividade das empresas, que atingiu uma média de 8% na última década, e, segundo especialistas, foram repassados aos preços. De acordo com acompanhamento da Fipe, desde a implantação do Plano Real, em 1994, os produtos industrializados -- sejam os alimentos, os produtos de higiene, beleza ou limpeza e até os bens duráveis - caminharam abaixo da inflação do período, que acumulou uma alta de 86,69% até novembro. "O pior da globalização já passou, agora temos que esperar os benefícios", afirmou Heron.