A Companhia Energética de São Paulo (Cesp), localizada no mercado mais estratégico do País, teve de ser dividida em várias partes para ficar acessível ao setor privado. Criada em dezembro de 1966, a empresa já nascia da fusão de 11 empresas de energia, com o intuito de centralizar o planejamento da companhia e de racionalizar os recursos do Estado.A venda, programada para acontecer na quarta-feira, da divisão Paraná a um preço mínimo de R$ 1,739 bilhão, é certamente o ativo mais caro que está indo a leilão. As duas divisões vendidas anteriormente, a Cesp Tietê e a Cesp Paranapanema, foram arrematadas no ano passado, respectivamente, pela americana AES por R$ 938 milhões e pela Duke Energy, também dos Estados Unidos, por R$ 1,23 bilhão. A primeira teve ágio de 20%, e a segunda, de 90%. As duas empresas estão inscritas para disputar o leilão de hoje.
Não se sabe, porém, se a venda vai trazer ágio significativo, pois não se sabe se algum grupo pode vir a desistir da compra até mesmo pela briga de liminares e a questão da licença ambiental para o enchimento da usina Sérgio Motta (Porto Primavera).
O secretário de Energia do Estado, Mauro Arce, já declarou não estar seguro quanto ao ágio que será alcançado. Por via das dúvidas, a Secretaria Estadual do Planejamento vai permitir que o vencedor possa parcelar o ágio que venha a pagar pela empresa.
O governo paulista já havia vendido com sucesso os ativos na área de distribuição da Cesp. A empresa vendeu em novembro de 1997 sua participação de 60,7% das ações ordinárias da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) , que foi comprada por R$ 3,04 bilhões pelo grupo VBC, em conjunto com o fundo de pensão Previ e Bonaire Participações.
A CPFL, sediada em Campinas, distribui energia elétrica para boa parte do interior paulista e é uma das empresas mais rentáveis do setor.
No ano seguinte, a Cesp vendeu com um ágio de quase 100% a distribuidora Elektro para a americana Enron, por R$ 1,48 bilhão. A Elektro serve 228 municípios de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
No cenário nacional, a Cesp Paraná é também um das companhias mais importantes na área de geração. Sem definição no calendário de privatizações de outras geradoras de peso, como Furnas - cuja privatização tem resistências do governo do Rio e de Minas Gerais -, Eletronorte e Chesf, a Cesp Paraná, que detém 16% do mercado nacional, torna-se assim um ativo estratégico para as empresas de energia elétrica que buscam expansão. Antes dela, somente a companhia estadual Gerasul, que foi arrematada pela belga Tractebel, havia sido vendida para o setor privado. Falta ainda a definição de venda da companhia paulista Emae, de saneamento básico, que inclui três usinas de geração.
Até agora, o governo federal já arrecadou R$ 22, 171 bilhões com a venda de 19 distribuidoras de energia elétrica pelo País. O processo de privatização do setor teve início em julho de 1995 com a venda da distribuidora Escelsa.