O ministro do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio, Alcides Tápias, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Francisco Gros, admitiram hoje (4) o governo tem um "déficit de informação" na divulgação dos resultados do programa de privatização. As declarações foram feitas durante o seminário "10 anos do Programa Nacional de Desestatização".Na abertura do evento, Tápias disse que o empenho do BNDES, como gestor do programa, do Ministério do Desenvolvimento e do governo como um todo "não tem sido suficiente para que a sociedade tenha a informação correta sobre as privatizações". O ministro do Desenvolvimento recomendou que outros atores entrem em cena, citando as agências reguladoras, o empresariado e as prórpias empresas privatizadas.
"É preciso acabar com a dívida da informação, pois ela provoca a lentidão do processo de privatização nos níveis estadual e municipal", afirmou Tápias. Ele ressaltou que a desestatização possibilitou a estabilidade da moeda e viabilizou o ajuste fiscal. O presidente do BNDES, Francisco Gros, que encerrou o evento, concordou. "Temos realmente esse déficit de informação. Mas não sei se isso irá se resolver com uma grande campanha publicitária. O mais importante é que a sociedade reconheça os benefícios da privatização para a estabilidade econômica", disse Gros.
Segundo números divulgados pelo BNDES, o programa de privatização rendeu aos governos federal e estaduais nos últimos 10 anos US$ 100,368 bilhões. Os recursos foram para o caixa do Tesouro com o objetivo de abater a dívida pública. O ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, disse que o programa de privatização tem recebido total apoio da sociedade. "A economia com pagamento de juros apenas no ano 2000 foi superior a R$ 30 bilhões. A dívida pública, se não fosse a privatização, poderia estar em uma trajetória explosiva", explicou Parente.
O ministro-chefe da Casa Civil ressaltou que a privatização aumentou os investimentos diretos e gerou empregos e garantiu que o programa de venda de estatais não está parado. "Não é verdade que perdemos o fôlego", afirmou. Essa também foi a opinião de Gros, que respondeu a uma crítica feita pela ex-diretora do Programa de Desestatização do BNDES, a economista Elena Landau, que disse que as vendas estavam emperradas. "Foi um programa irrepreensível do ponto de vista ético e se o ritmo não é mais rápido é porque há uma dupla blindagem, com a participação do Tribunal de Contas da União, do Congresso e todo um processo público e transparente", ressaltou Gros.
O economista-chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Armando Castelar Pinheiro, explicou que a queda no emprego de algumas das empresas privatizadas nos últimos dez anos foi mais do que compensada pela geração de postos de trabalho em novas companhias. Em 43 empresas de setores tradicionais, como siderurgia, petroquímica e fertilizantes, 35 mil funcionários perderam seus empregos no período de um ano antes até um ano após a privatização.Por outro lado, em cerca de 50 companhias da área de telecomunicações e concessões rodoviárias foram gerados 158 mil postos de trabalho.