As importações de trigo deste ano deverão ficar em torno de 8,5 milhões de toneladas - 1,7 milhão de toneladas a mais que no ano passado -, colocando o País no ranking dos maiores importadores do cereal. O aumento nas importações está sendo causado pela quebra na safra do Paraná e problemas climáticos no Rio Grande do Sul. Deverá ser gasto quase US$ 1 bilhão por conta das aquisições externas de trigo, contra os US$ 836 milhões gastos no ano passado.Para ajudar no abastecimento interno, o governo pretende ofertar no mercado todo o trigo que possa ser obrigado a comprar por conta dos contratos de opção que vêm sendo firmados com os produtores desde agosto, segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa. Por esse instrumento, o produtor assegura o direito de vender o trigo ao governo caso o preço do mercado fique abaixo do preço do contrato de opção.
"Faz parte da estratégia do governo não formar estoque regulador, muito menos de trigo", assegurou Benedito Rosa. A preocupação maior, segundo ele, é evitar que a oferta do governo prejudique a comercialização, contribuindo para reduzir os preços praticados no mercado. O instrumento a ser usado para vender o trigo oficial deverá ser o PEP (Prêmio Escoamento Produto), mecanismo pelo qual o governo banca a diferença entre o valor do mercado e o preço assegurado ao produtor para que a indústria adquira o produto.
Os leilões de PEP deverão ocorrer antes do segundo semestre, para evitar que coincidam com o forte movimento das importações que são realizadas de julho a outubro de cada ano. Cerca de 90% do trigo importado vem da Argentina, com um custo médio de U$ 135 a tonelada, já incluindo os custos da operação.
Desde agosto, o Ministério da Agricultura já lançou contratos de opção para 28,8 mil toneledas, dos quais 260 mil toneladas foram direcionadas ao Rio Grande do Sul. Do total de contratos de opções lançados, 70 mil toneladas venceram em setembro/outubro. Desses contratos, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou cinco mil toneladas. Em novembro último venceram contratos referentes a mais 150 mil toneladas, das quais o governo poderá ter que adquirir 85 mil toneladas, considerando que o preço do mercado está abaixo do oferecido nos contratos de opção.
A confirmação dessas aquisições será feita até o dia 15 deste mês, prazo que os produtores possuem para confirmar ou não seu interesse em entregar o trigo ao governo e receber os R$ 213 00 contratados por tonelada para o trigo tipo pão número 1. Durante este mês de dezembro, no dia 15, vencerão contratos relativos a mais 61 mil toneladas de trigo, para as quais os triticultores tem prazo até o final do mês para dizer se exercerão ou não as opções, segundo técnicos do Ministério da Agricultura.