O aumento de 54% no preço do óleo combustível (fuel oil) usado nas caldeiras está representando a maior pressão de custos das indústrias de suco de laranja. Em relação à safra passada, o preço da tonelada de óleo subiu 54%, passando de R$ 300 para R$ 465."As indústrias usam um litro de óleo para cada caixa de laranja processada", diz o coordenador de logística da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), Paulo do Carmo.
Nesta safra, o óleo combustível passou a representar R$ 0,46 para cada caixa, ou quase 10% do preço pago aos citricultores pelos 48 kg da fruta. "Tivemos ainda um aumento de 25% no custo de energia elétrica", diz Carmo.
Bagaço de cana - Algumas indústrias de suco de laranja conseguem substituir o óleo combustível pelo bagaço de cana-de-açúcar. Mas nesta safra a operação não está vantajosa. "O custo da tonelada de bagaço subiu de R$ 5,00 no ano passado para R$ 30,00", diz Paulo do Carmo.
O aumento da fonte natural é justificado pela quebra de 22% na safra de cana e pela maior utilização dessa matéria prima na co-geração de energia elétrica. Um maior número de usinas passou a produzir energia e as unidades que já produziam aumentaram o fornecimento.
Frete e armazenagem - Apesar dos significativos aumentos no preço do petróleo, o custo do frete pressionou menos que o esperado as indústrias de cítricos. Em relação à safra passada, o frete rodoviário subiu 15%, mesmo percentual registrado pelo aumento dos custos com pedágios. "Conseguimos negociar o frete", diz Paulo do Carmo, da Abecitrus. "Tivemos um volume menor de embarques de açucar e soja, o que deu margem para negociações para o transporte de laranja", explica.
O custo do frete ferroviário aumentou 20%. Na área de logística, o maior aumento de custos se deu na armazenagem no porto de Santos. Os galões de 270 litros pagam nesta safra R$ 3.30 para ficarem armazenados, ou 43% a mais que na safra passada. "Os armazéns justificaram o aumento pela falta de espaço", diz Carmo.
Segundo ele, a laranja tem enfrentado a concorrência da carne para dividir o espaço nos armazéns. O custo para acondicionar o suco nos conteineres, chamado de estufagem, subiu de R$ 180,00 para R$ 220,00, ou 22%.