O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Roberto Giannetti da Fonseca, voltou hoje à tarde (4) a cobrar empenho do empresariado brasileiro em relação às exportações. Ele considerou os empresários "acomodados" e sem motivação para comercializar seus produtos no mercado externo. As afirmações foram feitas pelo secretário depois de uma reunião do Programa São Paulo Exporta (SPEx), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).Durante a manhã, Giannetti já havia ressaltado, em um seminário no Rio de Janeiro, o que considera "acomodação" dos empresários . "Está faltando disposição do empresariado de sair e fechar negócios", afirmou. "Houve um período em que se trabalhava a exportação com muito mais empenho, com muito mais vigor."
Giannetti lembrou que o Brasil já perdeu mercados importantes nos últimos anos, entre os países do norte da África - Argélia, Egito e Marrocos e Nigéria-, a China e o Irã. Em sua opinião, de nada adianta um empenho do governo federal para incentivar as exportações se não houver o engajamento dos empresários. "Não adianta fazer discurso se o nosso discurso não for captado e respondido pelos empresários", sustentou. "É um discurso no deserto."
O secretário observou que as exportações terão de crescer 20% em 2001 para que a meta de crescimento econômico de 4% do PIB seja atingida,. "Isso exige sangue, suor e lágrima", afirmou.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Paulo Skaf, um dos vice-presidentes da Fiesp, é inútil tentar encontrar os culpados para o baixo resultado das exportações brasileiras nas duas últimas décadas. "Houve uma acomodação do País, não dos empresários", rebateu. O governo e os empresários não deram prioridade às exportações, como está sendo feito atualmente. "Agora há uma consciência no sentido de se exportar mais", afirmou Skaf.