Se pudessem escolher entre ficar ou ir embora de seu país, contando com possibilidades de emprego no exterior, 44% dos uruguaios escolheriam o aeroporto mais próximo. Este é o resultado de uma pesquisa da consultora uruguaia Cifra, que alertou para a enorme insatisfação de quase metade da população acima de 15 anos de idade com a situação do país.Segundo a pesquisa, o lugar preferido para uma eventual migração são os Estados Unidos. Em segundo lugar, a Espanha, terra dos avós e bisavós de grande parte dos uruguaios, cujo recente boom econômico tem deslumbrado os habitantes deste país.
Em terceiro lugar, os uruguaios preferem a vizinha Argentina, onde já habitam 500 mil uruguaios, que por causa do sotaque igual e de costumes similares como o tango, o churrasco e o chimarrão, passam desapercebidos como estrangeiros.
A confissão do governo uruguaio de que a situação do país não experimentará melhorias a curto prazo é uma das causas das longas filas na frente do departamento encarregado da emissão de passaportes. Desde o ano passado, a quantidade de pedidos de passaportes aumentou 85%.
As filas quilométricas preocuparam o ministro do Interior, Guillermo Stirling, que disse que este fato é "traumático". Stirling admitiu que o desemprego é uma das causas do desejo de partir. O desemprego atinge 14% da população economicamente ativa do país, e há dois anos a recessão assola a economia uruguaia, algo que não ocorria desde o início dos anos 80. Também aumentaram os índices de subemprego e os de trabalho sem carteira assinada.
Entre os menores de 27 anos, a proporção dos que desejam emigrar é de 67%. Além dos jovens, uma proporção significativa dos maiores de 60 anos também emigraria se pudesse: um total de 20% deste grupo estaria disposto a fazer as malas e partir do país.
Por Ariel Palácios, especial para a AE