As vendas de veículos nos Estados Unidos devem alcançar, neste ano, um recorde de mais de 17 milhões de unidades. Apesar disso, o panorama da indústria não é otimista: os analistas prevêem uma queda de cerca de um milhão de veículos, ou 6%, para o ano que vem. A alta nos juros e uma queda na confiança dos consumidores são as causas principais, mas alguns observadores se dizem preocupados, pois os descontos que estão sendo oferecidos neste mês poderão atrair compradores que estariam dispostos a esperar algum tempo antes de comprar. Isso tornaria a queda esperada para 2001 ainda maior.
A queda de vendas nos EUA preocupa as chamadas "seis grandes", General Motors, Ford, Toyota, Volkswagen, DaimlerChrysler e Renault-Nissan. Por outro lado, suas coligadas e subsidiárias ao redor do mundo parecem estar conseguindo bons resultados.
Mas os dois outros maiores mercados do mundo também estão começando a mostrar sinais de fraqueza. As vendas e lucros nas Europa Ocidental e na Ásia, inclusive no Japão, têm caído devido à alta nos preços dos combustíveis e às flutuações do câmbio.
Enquanto os grandes mercados se tornam cada vez mais competitivos, certos nichos de mercado, dos quais os fabricantes extraíam lucros mais facilmente, também se tornam disputados. Nos Estados Unidos, fabricantes da Ásia e Europa estão entrando no mercado de utilitários esportivos, antes uma área restrita às três grandes marcas americanas, GM, Ford e Chrysler.
Na Inglaterra, onde muitas fábricas faturavam pesado, a pressão dos consumidores está fazendo os preços caírem para os níveis praticados no continente europeu. E até na Índia, a entrada de fabricantes como a Ford fez desabar os lucros da Maruti, fábrica mantida pelo governo em associação com a Suzuki.
Outra preocupação da indústria é o excesso de capacidade de produção ao redor do mundo. Neste ano, serão vendidos 55 milhões de veículos em todo o planeta, enquanto a capacidade de produzi-los chega a 75 milhões.
O problema do excesso de capacidade é mais regional do que global: nos Estados Unidos, as fábricas estão operando com 85% de sua capacidade enquanto, na América do Sul, o índice é de 50%. A ociosidade pode cair rapidamente com a expansão dos mercados na Ásia, Europa oriental e América do Sul, mas deve continuar alta por ainda algum tempo.