Volta da ‘Banheira do Gugu’ poderia escandalizar, mas há coisas bem piores na TV atual
Quadro de sucesso dos anos 1990 ressurge no Ratinho e ressalta como o mundo mudou em duas décadas
Éramos ousados e não sabíamos. A televisão das décadas de 1980 e 1990 tinha maior liberdade — ou libertinagem, se preferir — do que hoje.
Um exemplo é a ‘Banheira do Gugu’, que retorna ao SBT, agora no ‘Programa do Ratinho’, no mesmo formato: corpos à mostra, muito contato físico e poses sexuais.
Poderia escandalizar já que vivemos a era do politicamente correto, do (falso) pudico, do monitoramento do tesão alheio. Mas não.
A esfregação de famosos (ou subcelebridades) ensaboados não choca mais ninguém. No máximo, vai fazer alguns conservadores gravarem vídeos fingindo repúdio — talvez mascarando excitação — a fim de conseguir audiência e monetizar.
Peitos e bundas expostos no vídeo indignam menos, por exemplo, do que fake news criminosas, discursos de ódio e sensacionalismo embalado por jornalismo policial.
A ‘Banheira do Gugu’ é quase inocente diante dos sites de vídeos de sexo explícito, das plataformas de conteúdo adulto e de postagens eróticas no X.
Na prática, a exploração do sexo não polemiza como antes. Estamos na época do moralismo seletivo, usado mais em benefício próprio do que como ideologia para reprimir alguém.
Na estreia, o retorno da ‘Banheira’ não trouxe mais audiência ao Ratinho. Serve apenas como estímulo aos saudosistas e curiosidade às novas gerações de telespectadores.
É ‘puro suco’ do velho SBT, que tem recorrido a sucessos do passado para tentar reverter a crise de público do presente.