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Público tolera galãs gays enrustidos e despreza os assumidos

Leonardo Vieira provoca discussão sobre o assunto após assumir homossexualidade

13 jan 2017 - 11h19
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Na TV, um ator pode ser gay. Desde que ‘em segredo’. Ele finge não ser, o público finge não saber.

Essa cumplicidade dissimulada lembra a antiga política ‘don´t ask, don´t tell’ (‘Não pergunte, não conte’) de restrição a homossexuais e bissexuais no exército americano.

A questão ressurgiu com Leonardo Vieira. Um site postou uma foto do ator beijando outro homem na saída de uma festa. A repercussão foi estrondosa. Para o bem e para o mal.

Em carta aberta, o galã confirmou a homossexualidade e fez crítica contundente da intolerância – ele se tornou alvo de ofensas nas redes sociais e procurou a polícia para denunciar a caso.

“Não gostaria de me colocar no papel de vítima, mas sou e não posso deixar de querer meus direitos como cidadão de bem e exigir justiça”, escreveu. “Homofobia precisa ser tratada com serieda de pela justiça e pela sociedade.”

Flagra de beijo em outro homem fez galã se assumir gay aos 48 anos
Flagra de beijo em outro homem fez galã se assumir gay aos 48 anos
Foto: Instagram / Divulgação

A maioria absoluta dos galãs gays prefere se manter trancada no armário. A falsa heterossexualidade serve como uma espécie de blindagem e garante personagens ‘pegadores’, numeroso fã-clube feminino e bons contratos publicitários.

Leonardo Vieira viveu um dilema quando se tornou, da noite para o dia, um dos homens mais desejados do país ao protagonizar a primeira fase da novela Renascer (1993), na qual interpretou o jovem Zé Inocêncio.

“Como eu poderia ser um símbolo sexual para tantas meninas e mulheres quando a minha sexualidade na ‘vida real’ apontava em outra direção? Como lidar com isso? O que fazer? Declaro minha sexualidade?”, relatou no comunicado à imprensa.

O ator optou não revelar a identidade sexual – ainda que fosse conhecida no meio artístico e entre jornalistas que cobrem TV – até que o recente flagra o fez se posicionar.

E agora, como fica a carreira do galã? Continuará a ser escalado para papéis héteros? Os noveleiros vão aceitá-lo como par romântico de belas mulheres nas novelas?

Em mais de vinte trabalhos na TV, Leonardo Vieira interpretou heterossexuais sem ser contestado. O talento se sobressaiu em relação à vida íntima.

Resta saber se o fato de se assumir gay aos 48 anos vai ou não suscitar os temidos efeitos colaterais: rarear convites de trabalho e mudar a relação (sempre delicada) entre público e artista.

O temor pela rejeição dos telespectadores e o consequente prejuízo à carreira faz tantos gays famosos se calarem em relação à própria sexualidade ou até forjarem um relacionamento de fachada.

Antes o público confundia ator e personagem, agora separa com mais facilidade ficção e realidade, mas continua igualmente conservador ao julgar o comportamento sexual das celebridades.

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