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| O Castelo de Vidro |
O Castelo de Vidro
A jornalista americana revela, em seu livro de memórias, como é crescer numa família nada convencional.
O castelo de vidro foi lançado nos EUA em agosto de 2006. Desde então, ocupa o primeiro lugar de todas as listas de não-ficção americanas, do New York Times à Amazon. Lançado agora no Brasil pela Nova Fronteira, o livro, da jornalista americana Jeannette Walls, conta a história de sua infância e adolescência ao lado dos irmãos e dos pais, cujos ideais e forma nada convencional de ver e viver a vida foram, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição.
Concorra a livros!
Sua memória apurada reconstitui detalhadamente o cotidiano e as impressões da convivência dessa excêntrica família. E também cativa e emociona pela percepção da vida como uma fábula, uma grande aventura ou mesmo, muita vezes, uma comédia.
Os pais de Jeannette, Rex e Rose Mary, levavam a vida literalmente na estrada, e aplicavam na educação dos filhos, valores e atitudes bastante estranhos para uma família convencional. Acreditavam, por exemplo, que as crianças deveriam se virar sozinhas, até na busca de alimentos, pois, para o casal, a resistência e a experiência que viriam do sofrimento iria beneficiá-los no futuro. Apesar de alcoólatra, Rex é brilhante e carismático. Quando sóbrio, alimentava a imaginação das crianças, ensinando a elas física, geologia e, acima de tudo, como encarar a vida sem medo. Rose Mary pintava e escrevia, e acreditava que ninguém pode ser responsável pelo outro, mesmo que esse outro fosse um dos seus quatro filhos.
Numa cena emocionante, Rex leva sua filha a descobrir o céu estrelado do deserto, e a convence de que o brilhante planeta Vênus é o presente de Natal dele para ela. Em outra, quase cômica, ele diz que seus cobradores, que viviam à sua procura, eram agentes secretos do governo americano. A autora
tinha nele um herói, mas descobriu que seus sonhos de grandeza não passavam de promessas. O transparente palácio que ele prometeu construir para os filhos, o castelo de vidro da família Walls, tornou-se uma metáfora perfeita de sua frágil estrutura familiar e da impossibilidade de seus pais realizarem qualquer projeto ou sonho.
As crianças Walls são as heroínas de O castelo de vidro. Jeannete e seus irmãos cativam o leitor pela inteligência e imaginação sem limites, cultivada pelas contradições da vida ao lado de seus pais. Apesar de toda a excentricidade, seus pais acabaram dando a elas uma formação liberal, humanista e universalista. E as extremas dificuldades impostas pela irresponsabilidade de Rex e Rose Mary fizeram com que os três irmãos mais velhos amadurecessem e desenvolvessem um espírito de união e de fraternidade raríssimo. O leitor torce por elas quando fogem, uma a uma, para Nova York, onde Jeannette estudou, casou-se e se tornou jornalista. Ao mesmo tempo, teme quando os pais seguem seus rastros até a cidade, esgotando a paciência dos filhos e abusando da hospitalidade deles. Rex e Rose Mary terminam sua grande aventura exatamente como começaram: ao ar livre, sem rumo e sem teto.
Jeannette dá a O castelo de vidro um tom leve, parecido com um conto de fadas. Ela surpreende ao descrever seus pais com profundo carinho e generosidade, sem qualquer julgamento. Nos agradecimentos dá destaque especial ao pai, por ensiná-la a sonhar sempre, e à mãe, por acreditar na verdade acima de tudo. O livro também mostra a força, tenacidade e inteligência da autora em lidar com a disfuncionalidade de sua família. A história dela é uma vitória sobre as adversidades, mas também é um delicado e tocante relato sobre o amor incondicional numa família que, apesar de todas as suas falhas, deu a ela uma determinação ferina para lutar por uma vida de sucesso à sua própria maneira.
SOBRE A AUTORA:
JEANNETTE WALLS nasceu em 1960, na cidade de Phoenix, Arizona. Formou-se pela Universidade de Columbia e foi repórter da New York Magazine, Esquire, USA Today e MSNBC.com, onde trabalha atualmente. Também aparece com freqüência na TV, incluindo The Today Show, CNN e Prime Time Live. Ela é casada com o escritor John Taylor.

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