Tarado, pornográfico, imoral, louco, reacionário. Nelson Rodrigues, que estaria completando 100 anos nesta quinta-feira (23), foi chamado de tudo isso ao revolucionar o teatro brasileiro, em meados do século 20. Pernambucano que se mudou para o Rio de Janeiro ainda criança, ele começou a vida como jornalista e estreou no teatro em 1941, com a peça A Mulher sem Pecado. Apenas dois anos depois, escreveu Vestido de Noiva, peça narrada em três planos – alucinação, memória e realidade – que se tornou um enorme sucesso de público e crítica. De acordo com o diretor de teatro Marco Antônio Braz, Nelson Rodrigues está para o teatro brasileiro como a Semana de 22 está para a literatura. Foi ele quem trouxe a coloquialidade, um olhar agudo sobre a realidade do povo e da classe média e fez com que a dramaturgia do País finalmente chegasse em sua fase adulta – enfrentando todas as críticas e censuras impostas ao seu trabalho.
Além do teatro, Nelson nunca deixou de escrever em jornais. Seus contos - em especial a famosa série A Vida Como Ela É... - são retratos deliciosamente trágicos da classe média brasileira, principalmente aquela da Zona Norte carioca, onde cresceu. Suas crônicas sobre futebol – ele era um fanático torcedor do Fluminense - também são relatos impressionantes do esporte que mais desperta paixão entre os brasileiros.
Para marcar o centenário de Nelson Rodrigues, o Terra reuniu neste especial a biografia, as principais obras, as principais adaptações para o cinema e para TV de seus textos, as frases mais polêmicas e uma entrevista com Marco Antônio Braz, especialista na obra do “anjo pornográfico”, como foi definido pelo biógrafo Ruy Castro.