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Sob protestos, Polanski leva "Oscar francês" por direção

Mulheres deixaram plateia em protesto depois do anúncio do vencedor, cineasta é acusado de estupro

28 fev 2020 - 22h18
(atualizado em 29/2/2020 às 08h31)
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Mulheres deixam plateia em protesto depois de anúncio do vencedor. Organizadores do prêmio César se demitiram após manifesto de atores e diretores contra indicações do cineasta acusado de estupro.O controverso diretor Roman Polanski ganhou nesta sexta-feira (28/02) o César, considerado o "Oscar francês", de melhor diretor pelo filme O oficial e o espião. A indicação do cineasta, acusado de estupro, foi alvo de polêmica e levou a demissão de todos os membros da diretoria da Academia de Artes e Técnicas de Cinema da França, responsável pela premiação.

Polanski não compareceu à cerimônia de entrega do César, em Paris
Polanski não compareceu à cerimônia de entrega do César, em Paris
Foto: DW / Deutsche Welle

A entrega do César foi ofuscada pela polêmica em torno das indicações de Polanski, cujo filme O oficial e o espião encabeçou a lista de indicações. Em frente ao teatro, no início da cerimônia, centenas de manifestantes protestaram contra o diretor. Ao tentar invadir o local, o grupo entrou em confronto com a polícia.

Polanski não compareceu ao evento e alegou temer por sua segurança. Num comunicado, ele disse que a cerimônia se tornou num "linchamento público" e que decidiu não ir à premiação para proteger seus colegas, esposa e filhos.

O anúncio do prêmio de melhor diretor chocou parte da plateia. Diversas mulheres deixaram o auditório em protesto, entre elas, Adele Haenel, nomeada como melhor atriz por Retrato de uma Jovem em Chamas, que afirmou ter sido vítimas de abuso sexual na adolescência por outro diretor.

Horas antes do evento, o ministro da Cultura da França, Franck Riester, disse que o prêmio a Polanski como melhor diretor poderia ser "simbolicamente ruim dada à posição que devemos tomar contra a violência sexual e sexista".

Polanski lançou seu novo filme na França no ano passado, dias após uma atriz francesa acusá-lo de tê-la estuprado em 1975, quando ela tinha 18 anos. O diretor franco-polonês, hoje com 86 anos, nega as acusações.

Nos Estados Unidos, o cineasta é acusado de estupro de uma jovem de 13 anos, é considerado persona non grata em Hollywood desde 1978 e foi expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em 2018.

Ele rejeitou a acusação de estupro, mas reconheceu, após acordo com a promotoria, ter tido relação sexual com uma menor de idade. Pouco antes do anúncio da sentença, ele foi viajou a Paris. Ele foi detido na Suíça há alguns anos e ficou oito meses sob prisão domiciliar, até que em 2010 o país recusou o pedido de extradição dos EUA.

O filme de Polanski sobre Alfred Dreyfus, um militar francês de origem judaica acusado de espionar para a Alemanha nos anos 1890, levou ainda os prêmios por melhor adaptação e melhor figurino. O elenco e a produção do longa, incluindo Jean Dujardin, indicado como melhor ator, não compareceram à cerimonia.

A comediante Florence Foresti, que apresentou a premiação, deixou o filme de Polanski de fora dos comentários sobre as obras que receberam várias indicações.

O César de melhor filme ficou com Os Miseráveis, do diretor Ladj Ly, que aborda as tensões entre a polícia e minorias pobres nos subúrbios de Paris. O longa ganhou também o prêmio do júri no Festival de Cannes no ano passado.

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